Médico acusa hospital de omissão de socorro em Jacarezinho
Plantonista não se conformou com a liberação de paciente em estado grave e registrou ocorrência na polícia
Omédico Alceu Bernardo Coqueiro de Oliveira Junior registrou um boletim de ocorrência no dia 3 porque a Santa Casa de Misericórdia de Jacarezinho (Norte Pioneiro) liberou a paciente Olga Sanchez da Silva, 68, que foi encaminhada por ambulância da cidade de Figueira (Norte Pioneiro), pelo sistema Vaga Zero para receber um antibiótico chamado Imipenem, indicado para o tratamento de infecções mistas.
Silva foi liberada pela direção do hospital contra a vontade do médico. “Entrei em contato com o plantão da clínica médica, que informou que teria que entrar em contato com o diretor clínico do hospital, pois o medicamento é muito caro (custa em torno de R$ 800). Ao informar o caso a esse diretor recebi um não como resposta. Eu disse que chamaria a polícia, pois não poderia me responsabilizar por mandar a paciente embora”, declarou Oliveira Junior. Neste momento, o médico diz ter sido dispensado pelo diretor.
Oliveira Junior acrescentou que não poderia liberar uma paciente acamada, sequelada de AVC (acidente vascular cerebral), com infecção de urina de repetição e com quadro de internação. “O fato da paciente ser acamada aumentaria ainda mais o risco da saúde dela”, afirmou. desde que o caso esteja dentro do perfil assistencial da instituição. “Quando regulado pelo complexo regulador da localidade, o hospital deve sim acolher a demanda e realizar a assistência necessária. Em alguns casos, o não atendimento pode configurar infração e resultar em processo administrativo pelo risco de prejuízo ao paciente”, diz a nota.
Após a recusa de atendimento na Santa Casa, a paciente Olga Sanchez da Silva retornou de ambulância a Figueira. Entretanto, seu quadro de saúde se agravou e ela teve de retornar a Jacarezinho e ser internada na UTI (unidade de terapia intensiva).
Consultado pela reportagem, o desembargador Miguel Kfouri Neto, autor dos livros “Responsabilidade Civil do Médico” e “Responsabilidade Civil dos Hospitais”, disse que o administrador do hospital pode ser processado, já que houve piora do quadro de saúde da paciente. “Isso caracteriza, em tese, omissão de socorro e o hospital pode ser responsabilizado”, apontou.
Segundo a secretária de Saúde de Figueira, Salete Westley de Paula, a paciente já está fora de perigo. “Ela ficou uma porção de dias por lá e já retornou ao município”, destacou.
A delegada 12ª SDP (Subdivisão Policial) de Jacarezinho, Caroline dos Santos Fernandes, não quis se pronunciar sobre o caso.
“Nunca vivi um absurdo tão grande. O hospital satélite é de referência. O município de Jacarezinho tem obrigação para a região. E quando o paciente é encaminhado pelo sistema Vaga Zero, o hospital é obrigado a aceitar o paciente. Vem verba do governo