LUIZ GERALDO MAZZA
Abafa e contra-abafa
A pulsação do país agora é entre o abafa em cima da Lava Jato e o contra-abafa na reação de parte do Judiciário, mas não de todo. Deu para percebê-lo no discurso de posse do novo diretor da Polícia Federal, Fernando Segovia, pondo em destaque o caso da mala, aquela carregada pelo Rocha Loures, como não constituindo prova hábil contra Temer, algo que estava longe do seu alcance em termos éticos na crítica ao Ministério Público.
Ontem, mesmo o repique com o desdobramento da 47ª etapa do fluxo judicial da República de Curitiba com ações em vários Estados em torno da Transpetro e a partilha de chunchos da Petrobras e mais ainda no Tribunal Regional da 4ª Região, foi negada a declaração, pretendida pela defesa petista, de inocência da esposa de Lula, dona Marisa Letícia. Ela foi beneficiada tãosomente pela extinção de punibilidade, decretada por Sérgio Moro, como se deu também com Janene. Com Lula insistindo em seus depoimentos que ela é que sabia dos contratos de aluguel e respectivos recibos, não havia como atestá-lo.
Houve mais: o Tribunal Regional da 2ª Região determinou, de novo, a prisão dos deputados cariocas naquela trama com a Federação dos Transportes, atolados até o pescoço nas trutas de Sergio Cabral.
Pelo jeito, vai ser assim até o fim dos tempos. Em alguns momentos, um lado avança mais do que o outro, mas no momento quem toma mais iniciativa é o governo na aliança com deputados e senadores em CPIs como a da JBS. Para a maioria esmagadora da classe política, melar a Lava Jato é mais importante do que as reformas e assim mesmo se não der é preciso fustigá-la, atingi-la de qualquer maneira, se não for possível abatê-la.
Pena menor Endemia
Poderemos estar agora num ciclo de manifestações sucessivas quanto à superlotação dos presídios. Ontem, durante horas, tivemos no 11º Distrito da Cidade Industrial uma forte arregimentação de presos e seus parentes com críticas diretas aos policiais. Tão endêmico quanto os casos de corrupção : os da Voldemort (caso da oficinas mecânicas), da Publicano (a da gangsteria de fiscais) e da Quadro Negro.
Secura Geddel
A Procuradoria da República, através do vice-procurador geral Luciano Maia, manifestou-se ao relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, pela manutenção da prisão do exministro Geddel Vieira Lima no fato de qualquer concessão significaria grave risco à ordem pública. Mesma linha de argumento adotada com relação a Eduardo Cunha que, levado a presídios do Rio e da Papuda, poderia desenvolver ações obstrutivas contra a Justiça.
Luzes
Depois de cinco anos sem o espetáculo das luzes na celebração de Natal, a prefeitura da capital anuncia melhoras nos festejos. É que o Natal curitibano é um dos maiores eventos de calendário nacional e que precisa retomar algumas das características que abandonou, como é o caso da iluminação feérica e de palcos para corais e teatro e ainda mostras museológicas de arte religiosa.
Centro direita
A aproximação entre o presidente da República e o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, visa, antes de tudo, consolidar uma candidatura de centro-direita no pleito de 2018 com o que se restabeleceria equilíbrio ideológico. Dessa, o PSDB estaria fora por acreditar no seu poder de organização principalmente em São Paulo, e ter a tradição de postular o principal objetivo há tantos e sucessivos anos, ainda que perdendo.
Vagas
O Brasil criou 76,6 mil novas vagas em outubro, das quais 37,3 mil no comércio e 33,2 mil na indústria. Já a construção civil fechou 4,7 mil vagas no mês e, no segmento, há a convicção de que só haverá sinais de reação para melhor no primeiro semestre de 2018. Saldo negativo na agropecuária em 3,5 mil empregos cortados. Contratações de fim de ano teriam puxado a reação. O setor de serviços abriu 15,9 mil empregos.
Folclore
Anúncios classificados sempre foram o estuário para críticas em torno de marajices funcionais e até de aviso de crimes, como o de um registro de um cara que teria abandonado a mulher e acabou assassinado. De todos, porém, nenhum se iguala ao de um encabeçado pelo título de “Cabo eleitoral”, na Gazeta do Povo, em que o dono do mangueirão se dispunha a negociar com cartas à redação.
Ontem, no TRF da 4ª Região havia expectativa de que a sentença de Eduardo Cunha poderia ser reduzida e, de fato, foi de 15 anos e 4 meses prolatada por Sérgio Moro para 14 anos e seis meses. Transferência dele para outro presídio foi negada.
Finalmente, deu para enxergar que o aparato gigante da Urbs precisa diminuir ao menos em 16% dos seus gastos. Há um plano de demissão incentivada para 150 funcionários e, se não emplacar, vai haver demissão em massa porque a situação é tida como insustentável.