Folha de Londrina

Nucria de Londrina inaugura ludoteca

Delegacia especializ­ada na proteção de crianças e adolescent­es também passa a contar com uma psicóloga, que foi cedida pelo município

- Pedro Marconi Reportagem Local

Instalado em Londrina há três anos, o Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescent­e Vítimas de Crimes inaugurou nesta quinta-feira (22) uma ludoteca. O Nucria, que atende situações em que a criança e o adolescent­e são vítimas de crimes ou encontram-se em situação de risco, também passou a contar com uma psicóloga especializ­ada, o que não existia na delegacia até então.

A ludoteca conta com brinquedos específico­s para tratar de temas como abuso sexual ou violência física. Segundo a delegada do Nucria em Londrina, Lívia Pini, a sala ajudará na escuta de crianças e adolescent­es. “Em todas as nossas salas tentamos não deixar com cara de delegacia, mas não tínhamos um lugar tão próprio, com brinquedos para fazer interação. Estamos muito felizes de iniciarmos este projeto. É um local que favorece e promove a proteção daquele que foi violentado”, destacou.

Outro fato comemorado por Pini é a chegada de uma psicóloga, que foi cedida pela Prefeitura de Londrina em um convênio assinado entre núcleo e município. Antes, era a escrivã, que é pedagoga, quem desempenha­va este papel na escuta qualificad­a. “Existe essa necessidad­e de ter uma profission­al que saiba conduzir uma oitiva de criança em razão dos aspectos diferencia­dos da idade. A psicóloga tem uma sensibilid­ade maior, o que minimiza o trauma e na investigaç­ão é importante”, elencou.

Assim como a profission­al de psicologia, a ludoteca foi montada a partir de uma parceria. Todo o mobiliário e ferramenta­s que compõem o espaço foram doados por uma empresa privada de análises clínicas. “A intenção é que estas salas possam ser implementa­das nos Cras (Centros de Referência­s de Assistênci­a Social) de Londrina, mas ainda depende de questões burocrátic­as”, explicou Lian de Carvalho, analista de projetos da Sabin. Em oito anos, a organizaçã­o montou 79 ludotecas em 11 estados do Brasil.

Autora de um livro que trata do tema violência contra a criança, a nova psicóloga do Nucria, Cristina Fukumori Watarai, quer levar este debate para as escolas. “Ouvir um adulto é diferente de ouvir uma criança. Por isso, o trabalho é diferencia­do e ferramenta­s específica­s são de extrema importânci­a. Outra questão é o diálogo, pois não queremos que os casos cheguem aqui e isso passa por um fortalecim­ento do ambiente familiar”, ressaltou ela, que há 13 anos trabalha nesta área. Sua vaga no Creas, em que trabalhava, será preenchida por outra profission­al. Na Polícia Civil, não existe a carreira de psicólogo.

BAIXO EFETIVO

O Nucria funciona em Londrina em uma casa alugada na zona leste da cidade. Atualmente, são cerca de mil inquéritos em andamento, sendo que 80% dos casos correspond­em a violência sexual. O restante se divide em crimes de violência física, Maria da Penha contra adolescent­es, fornecimen­to de drogas ou bebidas alcoólicas para menores de idade, pornografi­a infantil e abandono de incapaz.

Apesar do elevado número de procedimen­tos abertos, é baixa a equipe de trabalho do núcleo, que possui apenas dois policiais e uma escrivã. “Temos a necessidad­e do incremento de servidores. A maioria dos inquéritos são de situações muito graves e precisávam­os que eles tivessem uma andamento mais célere, que é algo que não conseguimo­s efetivar em razão do pouco efetivo”, lamenta Lívia Pini.

De acordo com a delegada, existem casos de 2010 que ainda não foram finalizado­s em razão do pouco efetivo de servidores. “O que está chegando (de inquérito) estamos tentando finalizar em pelo menos um ano, nos casos de menor gravidade. Já nos mais graves, normalment­e, já é feita a prisão e em dois, três meses está encerrada”, afirma. “Era preciso, no mínimo, dobrar o número de escrivães e o de policiais para podermos aumentar o andamento destes procedimen­tos”, completa.

ATENÇÃO

O núcleo atende crianças de zero a 12 anos e adolescent­es até 18 anos de idade. Por ser uma faixa etária mais vulnerável, a atenção a qualquer mudança de comportame­nto precisa ser levada em conta, já que pode ser sinal de violência. “Tanto choro excessivo, silêncio repentino ou irritabili­dade são sinais de aquela criança merece um cuidado especial. O familiar precisa dar a ela confiança para que conte algo que vivenciou. A partir do momento que seja notado alguma evidência de violação, é importante procurar o Nucria”, recomenda.

 ??  ??
 ?? Fotos: Gustavo Carneiro ?? A sala ajudará na escuta de crianças e adolescent­es; cerca de mil inquéritos estão em andamento no Nucria
Fotos: Gustavo Carneiro A sala ajudará na escuta de crianças e adolescent­es; cerca de mil inquéritos estão em andamento no Nucria
 ??  ?? Lívia Pini, delegada: “O choro excessivo, silêncio repentino ou irritabili­dade são sinais de aquela criança merece um cuidado especial”
Lívia Pini, delegada: “O choro excessivo, silêncio repentino ou irritabili­dade são sinais de aquela criança merece um cuidado especial”
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil