Folha de Londrina

Famílias reagem com tristeza e indignação

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Os parentes dos tripulante­s da ARA San Juan reagiram com tristeza, indignação e revolta ao serem informados sobre a explosão, antes mesmo da entrevista coletiva do comandante da Marinha Argentina. “Mataram o meu irmão porque o fizeram navegar num pedaço de arame”, gritou um parente que saía da Base Naval de Mar del Plata depois de ser informado do último boletim da Marinha.

“Não disseram a palavra ‘mortos’, mas o que se pode entender?” disse Itatí Leguizamón, esposa de Germán Oscar Suárez, um dos 44 tripulante­s do submarino que segue desapareci­do. “Não disseram que estão mortos, mas é a suposição lógica. Nos dizem apenas que estão a 3.000 metros, não falam mais nada”, disse ela, se referindo aos militares, em uma entrevista coletiva improvisad­a em frente a Base Naval de Mar del Plata, onde estão os familiares.

Logo após serem informados sobre a explosão, os familiares impediram que o resto do comunicado fosse lido pelo porta-voz da Marinha e começaram a quebrar a sala onde estavam. Imagens do canal de TV argentino “Todo Noticias” mostram muitos familiares deixando o local chorando. Alguns são contidos por militares, enquanto uma mulher se joga no chão. Ambulância­s foram enviadas para atender os familiares.

DESAPARECI­MENTO

O submarino, que estava em um exercício de vigilância na zona econômica exclusiva marítima argentina a cerca de 400 km a leste de Puerto Madryn, na Patagônia (sul do país), está desapareci­do desde o último dia 15. Ele se dirigia de volta à sua base em Mar del Plata, ao norte, quando as comunicaçõ­es foram interrompi­das.

O San Juan, de propulsão que combina motores a diesel (para uso na superfície) e elétrico (quando submerso), é uma arma de patrulha e ataque com torpedos. É um dos três submarinos à disposição de Buenos Aires e faz parte da classe TR-1700, construída pela Alemanha a pedido da Argentina. Duas das seis embarcaçõe­s desse modelo foram entregues, mas o programa não foi adiante. O submarino irmão do San Juan, o Santa Cruz, está em atividade.

O San Juan foi completado em 1985, e passou por uma longa revisão para lhe dar mais 30 anos de vida útil que acabou em 2013. A circunstân­cia evoca uma tragédia ocorrida no ano 2000, quando o submarino nuclear russo Kursk sofreu uma explosão no seu compartime­nto de armas e afundou no mar de Barents -os 118 tripulante­s morreram, muitos por asfixia.

(Folhapress)

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