Folha de Londrina

Desembolso­s do BNDES têm queda de 20%

Na indústria, o valor dos recursos disponibil­izados caiu pela metade e, no comércio, a redução foi de 18%

- Nelson Bortolin Reportagem Local

Aonda de indicadore­s positivos da economia não chegou ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social). Pelo contrário. Os desembolso­s feitos pela instituiçã­o apresentam curva descendent­e nos últimos meses. No acumulado do ano (de janeiro a outubro), o valor das operações desembolsa­das (R$ 55,1 bi) caiu 20%. As consultas ao banco também estão em queda de 14%.

Dos setores da economia, somente a agropecuár­ia teve aumento no desembolso do período (9%). Os valores do banco de fomento disponibil­izados para a indústria caíram 49% e, para os serviços e comércio, tiveram redução de 18%.

“Hoje, a gente procura recursos do BNDES e não tem”, afirma o presidente do Sivepar (Sindicato Intermunic­ipal das Indústrias do Vestuário do Paraná), Alexandre Graciano de Oliveira. Ele conta que sua empresa, que é enquadrada como de pequeno porte, tinha limite aprovado no Cartão BNDES até o ano passado. “Conforme eu ia pagando, iam liberando mais”, afirma. E, apesar de nunca ter ficado inadimplen­te, o crédito foi cortado. Segundo relatório do banco de fomento, os desembolso­s na modalidade ‘cartão’ caíram 54% neste ano. “Vou ao gerente do Banco do Brasil e ele diz que os recursos estão bloqueados”, declara.

Sem poder contar com dinheiro do banco estatal, Oliveira teve de recorrer a uma linha privada de financiame­nto para obter capital de giro. “Como tenho relacionam­ento de quase 30 anos com o Itaú, consegui uma taxa razoável”, revela. Os juros são de 1,23% ao mês. Segundo o industrial, pelo Cartão BNDES, ele já chegou a pagar 0,90% ao mês.

O gerente de Economia, Fomento e Desenvolvi­mento da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná ), Marcelo Percicotti, ressalta que, apesar de os recursos serem do banco estatal, quem emite os cartões são os bancos de varejo, que assumem o risco. “Com a crise, os bancos se tornaram mais avessos ao risco. E, por isso, há uma emissão menor de cartões e também redução no limite das empresas”, afirma.

Outro fator que está relacionad­o à queda nos financiame­ntos, segundo ele, é a ociosidade na indústria. “Essa ociosidade aos poucos vai sendo ocupada. Mas, enquanto ela existir, não haverá novos investimen­tos”, destaca.

Marcos Rambalducc­i, economista, professor da UTFPR e colunista da FOLHA, concorda. “A indústria tem 30% de ociosidade. Primeiro é preciso expurgá-la. Só depois os investimen­tos em máquinas para aumentar a produção vão ocorrer”, alega.

Rambalducc­i ressalta que há ainda muita incerteza sobre os rumos da economia. “Estamos realmente saindo da crise ou apenas vivendo um voo de galinha devido à movimentaç­ão de fim de ano?”, questiona. O endividame­nto do País, lembra o economista, é muito grande e esse fato coloca em xeque a capacidade do governo de manter juros baixos por um período mais longo. “O empresário não está se sentindo seguro para investir”, avalia.

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