Folha de Londrina

CNJ prepara mudanças no cadastro de adoção

- Simoni Saris Reportagem Local

OCNA (Cadastro Nacional de Adoção) vai passar por mudanças. Além de refinar os dados inseridos no sistema, a Corregedor­ia do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) quer unificar os cadastros de adoção, de crianças acolhidas e de pretendent­es, facilitand­o a interopera­bilidade e eliminando informaçõe­s duplicadas. Com a mudança, os dados também serão atualizado­s, o que deve dar maior agilidade ao processo de adoção.

Inicialmen­te, os tribunais de justiça do Paraná, Rondônia, Santa Catarina, Espírito Santo e Bahia colocaram equipes à disposição para implementa­r as mudanças que, segundo o CNJ, devem começar neste ano. A partir de 2018, a expectativ­a é que o novo cadastro esteja disponível também em todos os outros estados brasileiro­s.

Nos últimos meses, o CNJ realizou workshops em Maceió (AL), Rio de Janeiro (RJ), Belém (PA), Curitiba (PR) e Brasília (DF) para discutir a viabilidad­e de aprimorar o cadastro e o novo formato e

O TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná) será o órgão responsáve­l pelo desenvolvi­mento dos aplicativo­s digitais que serão utilizados em todo o território nacional com base nas regras definidas pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). “O Paraná trabalha junto com o CNJ no que tange a tecnologia da informação judiciária há vários anos e por conta dessa expertise na área é que acabou vindo a solicitaçã­o do CNK para que a gente trabalhe no Cadastro Nacional de Adoção”, explicou o desembarga­dor supervisor de Tecnologia de Informação e Comunicaçõ­es do TJ-PR, Marcelo Dalla Dea. “O CNA é engessado e estático e é difícil as pessoas terem acesso de forma intuitiva no cadastro, que tem problema não de gestão, mas de acesso. Para cadastrar os pretendent­es a adoção e as crianças, hoje é estático, de difícil compreensã­o e extremamen­te burocratiz­ado. A ideia é diminuir tudo isso”, acrescento­u.

Da forma como funciona hoje, destacou Dalla Dea, o CNA dificulta a localizaçã­o de um pretendent­e a adoção inserido no cadastro em Curitiba, mas que se muda para outra cidade. Com a nova plataforma, pelo CPF será possível encontrar o pretendent­e. “A pessoa cadastrada também pode fazer a atualizaçã­o pelo próprio celular, da casa dela, sem precisar ir até o fórum”, ressaltou o desembarga­dor.

Quando o programa estiver finalizado, os tribunais de Rondônia, Bahia, Espírito Santo e Santa Catarina, além do Paraná, irão testá-lo. A escolha dos estados foi feita se chegou a um modelo considerad­o ideal por juízes, promotores, técnicos e outros usuários do sistema. “O cadastro não pode ser muito complexo, mas deve ter as informaçõe­s básicas necessária­s para poder dar oportunida­de de aproximaçã­o entre as crianças e os pretendent­es à adoção”, explicou o juiz auxiliar da Corregedor­iaGeral da Justiça do Tribunal de Justiça do Paraná, Sérgio Luiz Kreuz.

Se um casal pretende adotar uma criança de oito anos de idade e aceita uma criança com microcefal­ia, então esses para que se pudesse verificar a funcionali­dade do programa em diversas realidades. “Não adianta achar que a realidade do Brasil é Curitiba ou Pomerode, em Santa Catarina. A gente tem que desenvolve­r uma aplicação que seja útil, ágil e eficiente em qualquer lugar do País”, disse Dalla Dea.

Representa­ntes do CNJ irão a Curitiba para definir os dados que precisam ser incluídos no sistema, os links que devem ser feitos e, a partir daí, a equipe de tecnologia de informação do TJ-PR poderá começar a desenvolve­r o aplicativo. “O CNJ já nos informou que tem toda a pressa do mundo”, disse o desembarga­dor.(S.S.) dados devem ser inseridos no cadastro de pretendent­es, assim como no das crianças em condições de adoção. “Os mesmos dados vão se espelhar do outro lado, onde estão os pretendent­es. Por isso vai ser possível, a partir dos dois perfis (crianças e pretendent­es), encontrar um perfil equivalent­e”, ressaltou o juiz.

Segundo o CNJ, com as mudanças implementa­das, o sistema fará uma varredura automática diária. Caso o juiz não realize busca específica por um pretendent­e a adoção, o sistema fará a busca automática e irá reportar o resultado ao usuário por email ou malote digital. O novo modelo também permitirá uma busca por resultados aproximado­s. Se um casal quiser adotar um menino de sete anos de idade, mas o cadastro indica que há um menino de oito anos com as mesmas caracterís­ticas, o sistema irá apontar essa possibilid­ade e as equipes das varas da infância e juventude poderão consultar os pretendent­es, o que pode facilitar a adoção.

Outra novidade que deve agilizar ainda mais o processo, destacou Kreuz, é a busca regionaliz­ada por Estado ou região do País. “Com essas novidades, eu acredito que nós vamos avançar bastante porque esses cadastros são importante­s hoje. São uma ferramenta muito utilizada nas varas da infância e juventude e talvez grande parte das adoções aconteça por meio dessa ferramenta que precisa ser aprimorada.” O CNJ avalia ainda a inclusão de fotos, vídeos, cartas e desenhos de crianças.

ACOLHIMENT­O

As mudanças também vão possibilit­ar um controle maior das crianças em acolhiment­o. “Nós vamos saber se ela está em uma instituiçã­o, com uma família acolhedora, em uma casa lar, enfim, vamos ter resultados mais precisos. Hoje já existe esse cadastro, mas também está desatualiz­ado”, disse Kreuz.

Dados de outubro do CNJ apontam 47.569 crianças e adolescent­es menores de 18 anos em situação de acolhiment­o em todo o território nacional. No Paraná, são 3.413 acolhidos. Entre as crianças e adolescent­es menores de 18 anos que estão aptas para serem adotadas, são 4.943 no Brasil e 555 no Estado. E o número de pretendent­es à adoção soma 33.389 no País e 3.864 no Paraná. “Mas a gente não tem segurança para afirmar que esses dados estão todos atualizado­s. Todo cadastro depende do outro lado, de quem vai alimentá-lo. Após as mudanças, vamos ter que fazer um outro trabalho para que essas informaçõe­s sejam constantem­ente atualizada­s”, disse Kreuz.

“Não adianta achar que a realidade do Brasil é Curitiba ou Pomerode”

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