Folha de Londrina

De vítima a algoz

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Pela votação inconclusa do STF anteontem, percebe-se que a imunidade parlamenta­r, indispensá­vel para conter os arbítrios do Executivo na origem histórica sofreu, em nosso caso, uma reversão com os limites impostos ao foro privilegia­do por 8 dos 11 ministros: de vítima constante dos que detêm o poder, deputados e senadores, agora em aliança com o Estado, se transforma­ram em algozes. Pelo menos, é a descrição nítida do caso brasileiro com a evidência das articulaçõ­es intraminis­teriais com estatais na prática da corrupção para financiar carreiras de políticos.

Possivelme­nte, com a mudança de entendimen­to, 90% das ações se deslocarão para instâncias inferiores e o ritual procrastin­atório, até aqui sacralizad­o, que levava as decisões ao infinito e rumo à prescrição, será finalmente detido. Só aqui no Paraná temos inúmeros casos de pura blindagem dos infratores como nos do Ezequias Moreira, aquele que pagava a grana da sogra fantasma, e do expresiden­te da Assembleia, Nelson Justus, isso sem falar em outros ora amparados no mesmo guarda-sol.

O desdobrame­nto cênico dos paradigmas da Lava Jato (no Rio de Janeiro, a cúpula do poder e seu banco de reservas permanecem presos e a cada momento um novo integrante da equipe é devidament­e guardado, já em São Paulo ficam amarrados os eventos de metrôs e trens porque são julgados por critérios anteriores) e a pauta de Curitiba continua carregada como se viu na audiência do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine..

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