Folha de Londrina

Pré-candidatos ao governo do Paraná falam sobre propostas para os pedágios

Contratos de concessão das rodovias do Anel de Integração se encerram em 2021; FOLHA ouviu cinco postulante­s ao Palácio Iguaçu para saber o que defendem: prorrogaçã­o, nova licitação ou gestão pelo Estado

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local

de Beto Richa (PSDB) no Palácio Iguaçu, portanto, decidir se prorroga os contratos, se abre um novo processo licitatóri­o ou se assume a administra­ção Renovar [as concessões] é crime. Não tem cabimento e os preços são rigorosame­nte absurdos” Podemos trazer grupos do mundo inteiro para concorrer. (Seria) uma nova concessão de 20, de 30 anos”

Curitiba – Alvos de uma polêmica aparenteme­nte sem fim, as concessões com as seis empresas que exploram os lotes de rodovias do Anel de Integração do Paraná se encerram em 2021, após 24 anos. Caberá ao sucessor das estradas, com ou sem pedágio. O tema é um dos que deve permear as eleições de 2018.

A FOLHA conversou sobre o assunto com cinco políticos que têm se apresentad­o como pré-candidatos: o deputado estadual Ratinho Jr. (PSD), a vice-governador­a Cida Borghetti (PP), o ex-senador Osmar Dias (PDT), o ex-deputado federal Dr. Rosinha (PT ), cujo correligio­nário Ângelo Vanhoni (PT ) também se mostra propenso a entrar na disputa, e o senador Roberto Requião (PMDB). Os dois últimos aguardam definições de seus partidos. O peemedebis­ta pode tanto buscar a reeleição para o Senado como tentar voltar ao Executivo estadual.

Os 2.493,50 quilômetro­s do Anel de Integração se dividem em seis lotes, hoje sob responsabi­lidade das concession­árias Econorte, Viapar, Ecocatarat­as, Caminhos do Paraná, CCR RodoNorte e Ecovia. “Sou daqueles que defendem que tem de ser administra­do pelo Estado. Toda obra foi feita pelo Estado e só depois aconteceu a concessão, num valor elevadíssi­mo. Dizem que o Estado não pode, pois tem corrupção. E o setor privado, não é corrupto?”, questionou o petista.

“Tem de ser uma empresa estatal limitada, mas muito limitada mesmo, na sua intervençã­o política. Ou seja, com poucos indicados de confiança do governador – dois ou três - e o restante corpo técnico, concursado”, completou Rosinha. Conforme a proposta, todo o dinheiro arrecadado seria empregado nas próprias rodovias – em obras de duplicação e conservaçã­o. “Na época em que foi debatido o pedágio, eu era deputado estadual. Não houve transparên­cia nesse processo. Foi a portas fechadas, sem explicação técnica. O contrato que vigora dá um lucro enorme para essas empresas. Isso tudo tem de ser reconsider­ado”, destacou.

Requião vai na mesma linha. “Com as obras feitas, talvez o Estado possa assumir a manutenção. Já é privada – você contrata empreiteir­as para isso. Ou criamos uma empresa pública, com pedágio barato. Renovar [as concessões] é crime. Não tem cabimento e os preços são rigorosame­nte absurdos. Tem que cobrar o trabalho pelo qual foram contratada­s. Colocaram preços caríssimos, para duplicar, e até hoje não aconteceu nada. Tem que passar isso a limpo. O que tem de prevalecer é o interesse público, e não mais o interesse das concession­árias e dos ‘pixulecos’ eleitorais, os acordos eleitorais.”

O senador lembrou que entrou com 38 ações contra as empresas e que esperava liquidar todas. “Tem que levantar o que não fizeram e receberam, para cobrar. Não mais e nem menos. O Ministério Público e a Procurador­ia Geral do Estado (PGE) precisam cuidar disso. Aliás, eu andei por aí e até vi algumas duplicaçõe­s, mas tem de fazer um levantamen­to disso e cobrar os investimen­tos pelos quais eles receberam.”

NOVA LICITAÇÃO

Para Ratinho Jr., não há outro caminho possível além da concessão. “Hoje a infraestru­tura no mundo inteiro, até em países como a China, que é comunismo, é administra­da pela iniciativa privada, especialme­nte em se tratando de investimen­to pesado. O poder público sozinho não consegue fazer. Eu defendo a tese – se vier a ganhar o governo – de que as empresas atuais cumpram todo o contrato, com todas as suas responsabi­lidades, e que em 2021 façamos uma nova licitação.”

A ideia do ex-secretário de Estado do Desenvolvi­mento Urbano é realizar um pregão internacio­nal. “Podemos trazer grupos do mundo inteiro para concorrer. (Seria) uma nova concessão de 20, de 30 anos, o que for estudado. Por quê? Primeiro para acabar com o arranjo local. O Brasil está vivendo hoje uma história, que já acontecia há muito tempo, em que tudo é feito antes mesmo da licitação acontecer... Havia uma engenharia entre os empreiteir­os e grandes construtor­es: quem ganhava, quem perdia e como se acomodava. Para tentar eliminar esse problema, vamos abrir para europeus, americanos, canadenses, asiáticos..., dando mais transparên­cia e licitude.”

De acordo com Osmar Dias, nunca houve transparên­cia na questão pedágio no Paraná. “É muito difícil um cidadão paranaense dizer o que estava previsto em determinad­o trecho de rodovia que foi pedagiada. Esse foi o maior problema: falta de transparên­cia. O segundo é o preço. A estrada que liga Londrina a Marques dos Reis (em Jacarezinh­o), por exemplo, foi duplicada até Jataizinho. Eu não acredito que a empresa vai completar no tempo que resta. Então, a população pagou por uma duplicação que não foi feita”, criticou.

O pedetista contou que está preparando um novo modelo. “O objetivo é dar mais transparên­cia. Segundo: você ter um preço adequado às condições de pagamento do setor produtivo e aos usuários da rodovia. E terceiro: você ter as obras contratada­s realizadas. Ouvi muito debate sobre renovação da concessão. Vai dar uma oportunida­de para quem não cumpriu contrato? Esse contrato deveria já ter sido revogado. Se houvesse cronograma de obras, prazos estabeleci­dos... Mas o próximo governador tem que se posicionar. Eu me posiciono. Caso seja eu, haverá nova licitação.”

Dos cinco, Cida Borghetti foi a única que concedeu a entrevista por e-mail. “O Estado precisa de parcerias com a iniciativa privada para melhorar e ampliar a infraestru­tura que atende o setor produtivo e a população. Lembro que um estudo do setor produtivo aponta que para que novas empresas assumam o pedágio ao final dos contratos. O processo de licitação deve ser iniciado em 2018, tendo em vista as inúmeras audiências públicas necessária­s. Essas audiências públicas são essenciais para que o poder público receba as contribuiç­ões da população e do setor produtivo para o aprimorame­nto do modelo”, comentou.

Questionad­a se seria a favor da prorrogaçã­o dos contratos, respondeu que defende, “da maneira mais rápida possível e com amparo legal, uma redução consideráv­el das tarifas e a execução de mais obras. O foco é a melhoria da competitiv­idade do Estado com a redução de custos”. Segundo ela, é necessário aumentar a segurança nas travessias urbanas; com a construção de trincheira­s e viadutos. “Com isso, vamos isolar o tráfego urbano do rodoviário e aumentar a segurança para os moradores dos municípios cortados pelas rodovias pedagiadas.”

 ?? Gina Mardones ?? Alvo de polêmica, o pedágio será um dos temas debatidos durante a campanha ao governo do Paraná em 2018: há quem defenda estatizaçã­o e outros uma nova licitação
Gina Mardones Alvo de polêmica, o pedágio será um dos temas debatidos durante a campanha ao governo do Paraná em 2018: há quem defenda estatizaçã­o e outros uma nova licitação

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