Folha de Londrina

PGR pede condenação de Gleisi e Paulo Bernardo

Senadora do PT e o marido terão de pagar ainda R$ 4 milhões como reparação de danos morais e materiais

- Reynaldo Turollo Jr. Folhapress

Brasília

- A procurador­ageral da República, Raquel Dodge, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a condenação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), de seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, e de um empresário pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, além do pagamento de R$ 4 milhões como reparação de danos morais e materiais.

Dodge entregou nessa sexta-feira (24) as alegações finais no âmbito de uma ação penal derivada da Operação Lava Jato. Essa é a última etapa do processo, sob relatoria do ministro Edson Fachin, antes da sentença.

Segundo a procurador­ageral, o esquema de corrupção na Petrobras viabilizou R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi ao Senado em 2010. O valor, de acordo com a PGR, saiu de empresas que tinham contratos com a estatal e era arrecadado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, que se tornou delator.

O dinheiro desviado era repassado ao doleiro Alberto Youssef, que operava o esquema na diretoria de Costa. Youssef, por sua vez, fez o repasse ao empresário Ernesto Kugler Rodrigues, segundo a acusação.

Dodge pediu ao STF que a pena de Gleisi e de Paulo Bernardo seja agravada. “No presente caso, Gleisi Hoffmann e seu marido se cuidam de políticos experiente­s. Ambos receberam valores em função de cargos que materializ­am em essência a outorga do povo do Estado do Paraná. Portanto, mais do que a corrupção de um mero agente público, houve corrupções em séries por titulares de cargos dos mais relevantes da República, cuja responsabi­lidade faz agravar sua culpa na mesma proporção”, escreveu.

Os R$ 4 milhões pedidos pela PGR, para serem pagos em conjunto pelos réus, representa­m o quádruplo do valor da propina, “já que os prejuízos decorrente­s da corrupção são difusos (lesões à ordem econômica, à administra­ção da justiça e à administra­ção pública, inclusive à respeitabi­lidade do parlamento perante a sociedade brasileira), sendo dificilmen­te quantifica­dos”, justificou Dodge.

OUTRO LADO

A denúncia contra os petistas foi recebida pela Segunda Turma do Supremo em setembro do ano passado. Em agosto deste ano, Gleisi negou as acusações e disse que o processo tem “alto grau de politizaçã­o”. “Eu neguei o que estão me acusando e pedi para que o Ministério Público mostre quais são as provas de que eu cometi corrupção passiva ou lavagem de dinheiro”, disse Gleisi na ocasião.

“Eu não tive contato com Paulo Roberto Costa, nunca tive ascendênci­a na Petrobras, nunca facilitei ou dei condições ou me relacionei com fornecedor­es da Petrobras para beneficiá-los. Isso teria que estar caracteriz­ado no processo para estarem me acusando como estão”, afirmou. “Nunca pedi dinheiro ao Paulo Roberto Costa”, disse Paulo Bernardo, também em agosto.

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