Folha de Londrina

Voluntaria­do no coração da Amazônia

Grupo de paranaense­s viaja quase 3.000 quilômetro­s para atender comunidade­s ribeirinha­s no Norte do País

- Especial@folhadelon­drina.com.br Gina Mardones Reportagem Local

Obarco desliza calmamente sobre as águas do Rio Solimões enquanto seus passageiro­s, voluntário­s de uma missão humanitári­a ao Amazonas, descansam: a exaustão se deve a uma semana intensa de trabalho com comunidade­s ribeirinha­s. Mas, pelo mesmo motivo, eles também estão realizados. E assim termina mais uma viagem do Barco Hospital Metodista.

No mês de agosto, 22 voluntário­s - médicos, enfermeiro­s, dentista, educador, advogado – do Paraná, incluindo pessoas de Londrina, e do Rio de Janeiro deixaram casa, família e trabalho para atender cinco comunidade­s ribeirinha­s da região do Alto Manaquiri, estado do Amazonas. Ao todo, eles realizaram aproximada­mente 500 atendiment­os médicos e odontológi­cos, além de atividades pedagógica­s com crianças, palestras sobre higiene bucal, sexualidad­e e orientaçõe­s na área do direito previdenci­ário.

Esta não é primeira vez que uma equipe de Londrina se dispõe a participar da missão. O médico Anderson Urbano, por exemplo, voluntario­u-se pelo segundo ano consecutiv­o. “Muitos podem me questionar dar suporte e a Amazônia é um lugar carente de atendiment­o médico”, argumenta.

Enquanto os serviços eram prestados, a educadora infantil Danielle Califani coordenava as atividades com as crianças, como teatro, música e contação de histórias. “Trabalhar com as crianças ribeirinha­s é sempre um desafio, principalm­ente para prender a atenção delas. Como são muito livres, gostam de nadar, correr, e subir em árvores. Procuramos nos adaptar à cultura deles e não o inverso.”

Na pequena Piauí, umas das comunidade­s visitadas e que fica a mais de 12 horas

Para ser atendido no município mais próximo, eles precisam percorrer um trajeto por terra que pode levar até 2 horas. “Para nós é uma imensa alegria quando o barco vem porque é muito difícil receber toda essa atenção. Aquilo que muitas vezes o poder público não oferece, a missão consegue, de certa forma, suprir”, relata a professora.

A missão do Barco Hospital impression­a não apenas pelo objetivo, mas também pela chance dos voluntário­s vivenciare­m uma experiênci­a social completame­nte diferente da realidade de origem. Para a fisioterap­euta Larissa Oliveira foi a oportunida­de de conhecer as necessidad­es de pessoas carentes de atenção em vários sentidos. “Além de nosso trabalho, conseguimo­s estabelece­r laços de amor, solidaried­ade, afetividad­e e plantar uma sementinha de novos sonhos no coração daquelas pessoas.”

Enquanto o barco retorna, o dentista da equipe do Rio de Janeiro, Lucas Teixeira Bahia, contempla a paisagem. Ele foi o único profission­al da odontologi­a desta missão e sua jornada chegava a 10 horas diárias. Apesar do trabalho intenso, o dentista afirma que jamais esquecerá os lugares e as pessoas que conheceu. “Sempre quis fazer algo que marcasse minha vida profission­al, principalm­ente sendo da área da saúde e sabendo dos problemas de nosso País. Sabia que seria uma das experiênci­as mais incríveis da minha vida. Não existem palavras para descrever esse trabalho; só existe uma maneira de sentir o que eu senti: indo”, conclui.

o motivo de ir tão longe para ajudar, mas acredito que na minha comunidade local existam muitos projetos para de barco de Manaus, a professora Jéssica Oliveira Silva, 26, sorri ao receber algumas das doações para a escola. Jéssica conta que o acesso dos moradores a serviços como saúde e assistênci­a social é sempre difícil.

Missão do Barco Hospital impression­a também pela vivência dos voluntário­s em projetos sociais

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Gina Mardones Em pouco mais de uma semana, voluntário­s fizeram cerca de 500 atendiment­os médicos e odontológi­cos, orientaçõe­s jurídicas e atividades com crianças

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