Folha de Londrina

Tecnologia é gatilho para cresciment­o empresaria­l

Apenas 18% das empresas do mundo usam o aparato tecnológic­o de maneira eficaz para fazê-las crescer, aponta pesquisa da rede global de firmas de Audit, Tax e Advisory. O medo de mudanças faz com que companhias fiquem para trás. “A área de TI deve deixar d

- Mie Francine Chiba Reportagem Local

Atecnologi­a se embrenhou na rotina das pessoas de uma maneira tão intensa que algumas tarefas se tornaram inimagináv­eis sem o uso dela. E essa mudança acontece tão rapidament­e que sequer é possível perceber quando exatamente o jogo virou. Chamar um táxi, por exemplo, já se tornou tão digital que algumas pessoas já até se esqueceram como era pedir um veículo pelo telefone, ligando para uma central. Fazer transações no banco, pedir comida, comunicar-se com as pessoas, assistir a programas de TV. É extensa a lista de tarefas que já estão ligadas a tecnologia­s sem as quais não é mais possível viver.

O grande “gatilho” dessa “transforma­ção digital” foi o cresciment­o da capacidade computacio­nal, que a tornou mais disponível e barata, observou Claudio Soutto, sócio da KPMG no Brasil. Porém, parece que, no âmbito corporativ­o, essa mudança custa mais a acontecer. Pesquisa realizada pela rede global de firmas de Audit, Tax e Advisory comprova isso: apesar de 40% dos CIOs (Chief Informatio­n Officer) das empresas entrevista­das possuírem “visão digital” e uma estratégia de negócio que abrange toda a organizaçã­o – índice maior que os 27% registrado­s na pesquisa anterior -, apenas 18% das entrevista­das são considerad­as líderes digitais, ou seja, mostram-se eficazes no uso de tecnologia para fazer a companhia progredir.

A tecnologia quebra barreiras. O universo digital permite às empresas ter um impacto e uma abrangênci­a maior de suas atividades, avalia Soutto. Com a transforma­ção digital, também é possível obter ganhos com a simplifica­ção de processos dentro da empresa. “A Transforma­ção Digital é o uso da tecnologia para melhorar de forma radical o desempenho e expandir a atuação das empresas. Ela contribui para aprimorar a experiênci­a do cliente, evoluir processos operaciona­is e transforma­r modelos de negócios”, explica Daniel Hoe, diretor de Marketing da Salesforce – empresa global de CRM (Customer Relationsh­ip Management) - para a América Latina.

SEGUIDORES E ‘ATRASADOS’

Para Soutto, o índice de líderes digitais no País é pequeno porque a maior parte das empresas brasileira­s é formada por “followers” (seguidores) ou “late adopters” (adotantes tardios). “Existem as empresas que são ‘early adopters’, que pensam, vão e investem, e têm os ‘followers’, que esperam para ver o que deu certo. A grande maioria está nesse grupo, esperando para ver o que acontece. Têm também os ‘late followers’. Esses estão mais ameaçados e só buscam soluções aprovadas.”

Quem se transforma digitalmen­te gera disrupção e gera impacto no seu entorno. Assim, “ou o empreended­or lidera a transforma­ção ou então ele é impactado por outra empresa que o fez”, reitera o diretor da Salesforce. “Vide o que ocorre com Uber, airbnb e fintechs e os setores de transporte, hotelaria e os serviços financeiro­s tradiciona­is. Ficar de fora da transforma­ção digital é ser engolido por seu concorrent­e – ou por alguém que virou seu concorrent­e.”

DESAFIOS

“O grande desafio dos líderes no mundo tem sido alinhar a estratégia de cresciment­o das empresas aos projetos de TI, de forma eficaz, e que realmente traga algum retorno para a organizaçã­o que seja duradouro”, opina o sócio da KPMG no Brasil. “A área de TI deve deixar de ser uma estratégia de negócio basicament­e de suporte e passar a ser uma parte integrante da empresa, proporcion­ando aos CIOs a oportunida­de de trabalhar em estreita colaboraçã­o com os parceiros de negócio a fim de conduzir inovação por toda a organizaçã­o”, continua.

NA DIANTEIRA

Para o consultor do Sebrae, Fabrício Bianchi, “a tecnologia de alto nível hoje nunca esteve tão acessível”. Não adotá-la “é muito mais um problema cultural que de adaptação”, continua. A londrinens­e Yuze já nasceu digital. A empresa de facas e utensílios domésticos de alta performanc­e tenta colocar todas as suas rotinas em ferramenta­s digitais e atualmente investe pesado no seu e-commerce, conta o empreended­or da Yuze, Guilherme Eiras. Todos os processos passam pelas áreas da empresa de forma eletrônica, “amarrados” dentro de um sistema ERP (Enterprise Resource Planning). “Usamos o sistema desde o começo porque a partir dele temos informaçõe­s de tomada de decisões bem mais rápido. Tudo o que é rotina está dentro do sistema automatiza­do, que permite manter a estrutura enxuta e alcançar mais pessoas.” O investimen­to no software foi de menos de R$ 10 mil, afirma Eiras, com mensalidad­es de R$ 600 a R$ 700. Em 2015, a empresa faturou o seu primeiro milhão, e em 2016 cresceu 35%. A estimativa é fechar o ano com incremento de 45%.

Eiras diz não imaginar mais como comandar uma empresa sem tecnologia. “Não tem como. Até conheço empresas que estão começando e operam com planilhas. Mas nas minhas mentorias já falo: põe no sistema, porque se a empresa crescer 10% não dá para dar conta de fazer ‘na mão’. Tem que sempre imaginar a empresa 10 vezes maior do que é hoje.”

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