Folha de Londrina

Parque Ecológico Klabin prioriza cuidados com animais

Em uma área de 11 mil hectares no município de Telêmaco Borba, o parque passa por reformas; após a reabertura, haverá somente visitas agendadas e monitorada­s

- Vítor Ogawa Reportagem Local

OParque Ecológico Samuel Klabin, localizado no município de Telêmaco Borba (CentroOrie­ntal), está mudando o seu foco e priorizará o bemestar dos animais. Enquanto as reformas e adequações são feitas, o parque permanecer­á fechado por dois anos para visitação pública. A reforma é uma condiciona­nte para o licenciame­nto pelo IAP (Instituto Ambiental do Paraná) para o Projeto Puma, nova fábrica de celulose da Klabin, em Ortigueira, município limítrofe de Telêmaco Borba.

O coordenado­r do parque, Paulo Henrique Schmidlin, disse que a partir da reabertura – que ainda não tem data para ocorrer – serão permitidas apenas visitas agendas e sob orientação de um guia. “No passado, a forma como o parque era visitado era errada. Era um período em que o parque tinha mais visitação que o Parque Estadual de Vila Velha (Ponta Grossa). O nosso parque era aberto, o pessoal parava o carro aqui dentro e cada um fazia a visitação a seu modo. Muitos vinham com roupa inadequada, alimentava­m os animais do parque e traziam lixo para cá. Também havia contaminaç­ão, porque alguns traziam animal doméstico”, relata Schmidlin.

O veterinári­o do parque, Pedro Chaves Camargo, destaca que nas visitas sempre haverá uma pessoa habilitada para falar sobre as espécies e sobre os impactos que recaem sobre cada uma delas. “A visita monitorada traz qualidade. É um outro viés, voltado ao conservaci­onismo. Cada visitante poderá entender o nosso trabalho. O parque pode selecionar as espécies, pode reproduzi-las e pode participar de outros programas. Temos agora um lado mais voltado à produção de ciência. Esse é o nosso objetivo”, aponta.

Dentro desta nova proposta, o museu de taxidermia, que exibia animais empalhados, foi desativado. O coordenado­r explica que o parque manteve 60% da estrutura antiga para se tornar o local de quarentena dos animais recebidos e construiu mais de 20 mil metros quadrados de estrutura nova.

Schmidlin destaca que o parque foi criado, em 1980, com o intuito de servir como o último refúgio para esses animais. “Com o passar dos anos a gente foi crescendo e amadurecen­do a ideia de fazer um projeto de conservaçã­o. A gente migrou para esse último estágio que é desenvolve­r atividade de uma unidade de Cras, que permite trabalhar com todos os tipos de empreendim­entos ligados à fauna, à flora e à educação ambiental”, aponta.

Em janeiro deste ano, o parque recebeu do IAP a licença ambiental de operação, que permite que o local funcione, também, como um centro de reabilitaç­ão de animais silvestres. No entanto, as regras do IAP determinam­queoparque­deveperman­ecer fechado para visitação do público pelo menos até janeiro de 2019, quando passa por nova avaliação do órgão ambiental.

Os dois anos de fechamento são necessário­s até que a vegetação no entorno dos novos abrigos cresça e possa dar mais conforto térmico aos animais que permanecer­ão confinados, e também para que eles possam se adaptar completame­nte aos novos recintos.

Hoje o parque tem um equipe de mais de 20 profission­ais, incluindo um biólogo, dois veterinári­os e 15 cuidadores. Localizado na área da Fazenda Monte Alegre, adquirida pela Klabin em 1934, o parque tem área de 11.196 hectares, dos quais mais de 75% são ocupados por matas nativas preservada­s. São 1.381 espécies de plantas e lá vivem 200 animais de 44 espécies, sendo cinco répteis, 18 aves e 21 mamíferos, que são cuidados diariament­e.

Entre eles estão o puma, o veado-da-mão-curta, a anta brasileira e o bugio-ruivo, além de espécies em extinção, como a jacutinga, e algumas em risco de extinção, como o papagaio-do-peitoroxo e o lobo-guará. Fora isso existem os animais livres dentro do parque. Estão catalogado­s 136 mamíferos; 457 das 750 aves existentes no Paraná; e 43 anfíbios.

De acordo com Camargo, dos 300 animais que chegaram ao parque no ano passado, 33% foram devolvidos à natureza. No dia em que a reportagem da FOLHA esteve no parque, uma coruja foi solta, depois de ter passado por um processo de reabilitaç­ão.

O parque possui também o Centro de Interpreta­ção da Natureza Frans Krajcberg, que foi inaugurado durante a Eco92, no qual há um pequeno auditório para a realização

O Parque Ecológico da Klabin, além do atendiment­o prestado aos animais que lá vivem, também recebe espécies silvestres que foram apreendida­s por estarem em situação irregular ou sob maus tratos. A eles, a equipe presta atendiment­o médico, odontológi­co, se for o caso, e dá a alimentaçã­o adequada. Ao todo, são 1.600 refeições diárias.

O veterinári­o Pedro Chaves Camargo ressalta que animais de apreensão domiciliar geralmente apresentam alimentaçã­o incorreta. “Já teve um papagaio pedindo café. Muitos alimentam apenas com bolacha de maisena e semente de girassol”, conta. “Um papagaio de peito-roxo, que está na lista de animais ameaçados de extinção, chegou aqui depois de ter uma dieta só de semente de girassol e com sinais de insuficiên­cia renal. As sementes deveriam ser apenas de 10% a 20% da alimentaçã­o.” O profission­al explica que este tipo de ave também precisa ingerir folhagens, frutas e insetos, por exemplo.

A alimentaçã­o para todos os animais do parque é produzida numa cozinha que agora, após a reforma, tem 40 metros quadrados. Camargo explica que as refeições são feitas com base na média do peso dos animais que estão

de palestras. Há também uma trilha ecológica com uma extensão de 3.000 metros, com pontes, rios e cachoeiras.

Além disso, a Klabin mantém a RPPN (Reserva Particular no recinto, na taxa metabólica, na fase de desenvolvi­mento, se está em fase reprodutiv­a, e quais as necessidad­es da espécie. “Mas isso está sempre mudando. Eles enjoam de determinad­o item”, aponta.

Na edificação ao lado ao lado da cozinha, está o novo prédio de atendiment­o veterinári­o, que conta com um ambulatóri­o. O veterinári­o Fábio Luiz Gama Góis explica que todos os animais doentes passam por lá. “No ambulatóri­o, atendemos todo e qualquer animal livre ou que faz parte do plantel do parque. Ali é possível realizar o primeiro atendiment­o ou procedimen­tos mais avançados, como sutura e início de processo de anestesia.”

Ao lado, fica a sala de cirurgia. “Podem ser feitas cirurgias mais complexas, pois temos um aparelho de anestesia inalatória que possibilit­a a respiração artificial em caso de parada respiratór­ia”, destaca Góis.

Há também o equipament­o odontológi­co que possibilit­a realizar procedimen­tos desde limpeza dos dentes até o tratamento de canal. “Em caso de fratura de mandíbula também conseguimo­s usar esse equipament­o. Com esse equipament­o a gente adotou a rotina de limpeza oral dos animais.”

( V.O.)

do Patrimônio Natural) Estadual Fazenda Monte Alegre de 3.852,30 hectares, na qual contribui para a manutenção de espécies da região, formando corredores ecológicos.

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No parque, vivem 200 animais de 44 espécies, sendo cinco répteis, 18 aves e 21 mamíferos; cerca de 1.600 refeições são servidas diariament­e
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