No controle da menstruação
Pesquisa mostra que 89% das mulheres entrevistadas querem decidir quando menstruar; especialistas afirmam que interromper o ciclo não traz danos à saúde
- Durante um longo período da vida, as mulheres irão menstruar mensalmente. Esse ciclo ocorre pela descamação das paredes uterinas que formam o endométrio e cada corpo vai reagir de uma maneira. Muitas vão se queixar de cólicas, irritabilidade, cansaço, alterações no apetite, acne, entre outros. Algumas de forma leve e outras de maneira intensa, tendo um comprometimento na qualidade de vida pelo menos uma vez ao mês.
É por esse motivo que quase a totalidade (89%) das 2.004 mulheres entrevistadas sobre hábitos de saúde e opiniões sobre a menstruação disse que se sentiriam mais confortáveis em poder decidir quando menstruar. Para 74%, planejar quando menstruar dá mais controle sobre a própria vida. O levantamento foi feito em oito capitais brasileiras (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) e ouviu mulheres entre 18 e 35 anos.
A pesquisa Saúde Feminina foi realizada pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) em parceria com a Bayer, e os resultados foram divulgados na semana passada, em São Paulo. Entre 85% das mulheres que afirmaram menstruar todos os meses, 55% declararam não gostar porque sentem incômodo e desconforto (52%), cólica (46%), irritabilidade (20%), sangramento em excesso (7%) e por atrapalhar a rotina (4%).
Entre aquelas que responderam gostar de menstruar (45%) o principal argumento é a sensação de “se sentir saudável” (39%), seguido do fato de considerarem algo natural (25%) e de ser um indício de que não estão grávidas (24%).
A designer gráfica em Londrina, Mariana Cestari, 24, acredita que menstruar uma vez ao mês é um sinal de que está tudo dentro da normalidade. Ela começou a tomar pílula anticoncepcional há 10 anos, para controlar o fluxo intenso. Há alguns meses, resolveu suspender o uso. “Achava que era importante dar uma pausa para limpar o organismo. No começo foi tudo normal, mas meses depois comecei a ter muito problema com a pele, queda de cabelo e isso levou minha autoestima para baixo”, conta ela, que voltou a tomar pílula, também com o objetivo contraceptivo. “Fico mais tranquila. Me sinto mais segura”, completa.
A ginecologista em Londrina Inês Paulucci explica que a partir do momento que a mulher usa um método anticoncepcional, a menstruação acontece por privação. “Então não é uma menstruação fisiológica, ou seja, não é o ovário que está trabalhando e, por isso, o entendimento de que a menstruação é um sinal de que está tudo bem com o corpo não tem sentido”, comenta.
Ela detalha que na menstruação fisiológica a conexão entre a hipófise e o ovário gera uma “mensagem” para o útero descamar e menstruar. “Aí sim, posso dizer que a menstruação serve como um termômetro para saber se hormonalmente a paciente está bem”, diz.
No dia a dia do consultório, Paulucci observa um crescente desejo das mulheres em não menstruar. “Na idade reprodutiva da mulher, se é algo que a incomoda, que compromete a qualidade de vida, não tem problema nenhum em não menstruar”, ressalta.
O ginecologista e obstetra José Bento é enfático ao dizer que a mulher não precisa menstruar. “Ela sangra na pausa das pílulas por uma privação hormonal”, afirma, considerando que grande parte das brasileiras faze hoje uso de métodos contraceptivos.
pílula o mais comum (34%) e com um tempo médio de uso de seis anos. Em seguida é a injeção hormonal (15%) e preservativo (7%).
O especialista diz que após a aprovação da primeira pílula anticoncepcional nos Estados Unidos, seis décadas atrás, muitos estudos comprovaram benefícios além de evitar a gravidez. “A pílula se tornou uma maneira de preservar a saúde, minimizando as infecções vaginais, endometriose, miomas no útero, entre outros.
Isso porque ela diminui a quantidade de estrogênio que o organismo produz”, explica.
Já as contraindicações são para pacientes que tiveram câncer que depende de hormônio, como o câncer de mama e de ovário, mulheres com grave doença no fígado, hipertensão arterial descontrolada, diabetes de difícil controle, histórico de trombose ou infarto.
CONTRAINDICAÇÕES Na pesquisa, 60% das mulheres afirmaram usar métodos contraceptivos, sendo a A repórter viajou a convite da Bayer