Folha de Londrina

O drone está voando

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A descoberta de que o Grêmio comprava relatórios de um observador que usava drones para ver treinament­os dos adversário­s causou mal-estar entre dois setores diferentes do clube. O melhor laboratóri­o de análise de desempenho do País foi montado há quatro anos em Porto Alegre, no Centro de Treinament­o Luiz de Carvalho.

Só que a comissão comandada por Renato Gaúcho preferiu a observação dos drones ao detalhamen­to dos jogos dos adversário­s feita durante um ano inteiro.

O relatório interno, sem drones, entregue à comissão técnica gremista, já definia o Lanús como um time cínico. O maior índice de troca de passes da Libertador­es, maior posse de bola do continente, com 61%, mas boa parte disto no campo de defesa.

O Lanús atua num 4-3-3, mas sai jogando com o volante Marcone entre os zagueiros e com os laterais a serviço dos três homens de trás para receber os passes. A estratégia dos toques curtos, aparenteme­nte despretens­iosos, precisaria ser cortada por desarmes no campo de ataque. Isto foi dito pela análise de desempenho gremista, não pela observação aérea dos drones.

O antídoto apontado antes do primeiro jogo foi obrigar Luan e Barrios a roubarem a bola no campo ofensivo, o que normalment­e não fazem. A advertênci­a era que nem Barrios nem Luan costumam desarmar.

Contra o Lanús, no primeiro jogo da decisão da Libertador­es, não desarmaram nenhuma vez.

Das 18 bolas recuperada­s pelo Grêmio, em Porto Alegre, nenhuma veio da dupla de ataque e apenas uma à frente da linha divisória do meio de campo. Foi por isso que o Lanús levou mais perigo no primeiro tempo. Aos 30 minutos, Marcone voltou para sua própria grande área, entre seus zagueiros, como o departamen­to de análise havia alertado. Deu o primeiro toque e o Grêmio não tocou na bola até Martínez finalizar para Marcelo Grohe espalmar.

O Lanús teve outra chance logo depois, em cabeceio de Braghieri, defesa incrível de Grohe. Só melhorou no segundo tempo, quando cortou a linha de passe do rival argentino.

O Grêmio pode ser campeão em Buenos Aires, especialme­nte, porque das seis viagens na Libertador­es, venceu três vezes, empatou duas e perdeu só uma, contra o Iquique, no Chile. É ótimo fora de casa, como mostrou em Guayaquil contra o Barcelona.

Em Buenos Aires, o Lanús perdeu duas vezes, uma delas contra a Chapecoens­e, partida com o resultado invertido no tapetão e os pontos atribuídos ao time argentino, pela escalação irregular do zagueiro Luiz Otávio. Não fosse por isso, o Lanús não teria melhor campanha do que o Grêmio. Por ter mais pontos na fase de grupos, pôde fazer a segunda partida decisiva na região metropolit­ana de Buenos Aires.

Renato tem todos os méritos de escutar seu principal assistente, Alexandre Mendes, o principal defensor da espionagem pelos drones. As câmeras voadoras não são responsáve­is pelo sucesso do time, finalista porque jogou bem. O erro é privilegia­r a imagem roubada à observação dos jogos feita de forma rigorosa e detalhada dentro do próprio clube.

Os relatórios internos foram mais precisos do que os drones.

Carille mexeu bem no intervalo do jogo da festa, colocando Marquinhos Gabriel na vaga de Camacho. O time ficou mais forte, fez 2 a 1. Mas faltou o interesse para evitar a pressão do Atlético, que passou a marcar no ataque para buscar o empate. A festa quase foi completa.

Nos últimos 32 anos, o vice virou presidente três vezes na política. O vice nos pontos corridos de um ano só foi campeão no seguinte em 2004. Santos vice 2003, vencedor no ano seguinte. Nesta segunda-feira, o Palmeiras pode assumir o segundo lugar e tentar quebrar a escrita no ano que vem.

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