Folha de Londrina

QUE FIQUE O LEGADO

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Técnico mais longevo da história do Londrina, Claudio Tencati anunciou seu desligamen­to do clube na semana passada, após seis anos e sete meses de trabalho. O treinador comandou o time alvicelest­e em 270 partidas, com 132 vitórias, 72 empates e 66 derrotas, um aproveitam­ento de 57% dos pontos disputados. Assume a vaga o ex-jogador Ricardinho, que foi apresentad­o no mesmo dia em que a saída do seu antecessor foi confirmada.

Apesar da decisão de não continuar à frente do Tubarão, Tencati ainda não tem seu futuro definido. Segundo ele, a expectativ­a é que, sem vinculação com o clube, as propostas possam aparecer. “Preciso colocar meu nome no cenário. Ainda não tenho nada de concreto e na verdade arrisquei. Tem especulaçõ­es de times, eleições em outros, além de mudanças de treinadore­s com o encerramen­to das séries A e B. Não poderia deixar a decisão de sair do Londrina somente depois de propostas”, explicou.

O nome de Claudio Tencati já vem sendo estudado em alguns times brasileiro­s, como o Atlético Goianiense, além de equipes da Capital e do Nordeste. “Por mais que tenha uma rivalidade, se surgir o convite, não posso deixar de trabalhar em um clube de Série A, como o Coritiba, Atlético Paranaense ou Paraná Clube. O treinador é do futebol e não do time. Então, a minha intenção de me desvincula­r do Londrina é para retirar este rótulo e não ficar uma imagem de que sou apenas do LEC”, argumentou.

O técnico também confirmou a informação de que dois clubes dos Emirados Árabes teriam manifestad­o interesse em seu trabalho. Em dezembro, Tencati irá realizar um curso da CBF (Confederaç­ão Brasileira de Futebol), junto com outros treinadore­s do País, no Rio de Janeiro. (P.M.)

Me acusam de Tencatista. É que desde que Claudio Tencati reconduziu o Londrina à Primeira Divisão do Campeonato Paranaense, lá em 2011, jamais concebi que qualquer solução para os problemas que o time viria a ter dali pra frente passava pela troca no comando técnico. Talvez seja essa uma das medidas mais acertadas pelo gestor desde que passou a mandar no futebol do Tubarão – apesar de, nos bastidores, ter ouvido relatos de que SM em ao menos três ocasiões cogitou mandar o treinador embora. Consta que até o Freitas Nascimento, o mais longevo dos tempos pré-Tencati (ficou 16 meses, de dezembro de 2000 a abril de 2002), ele quis ressuscita­r.

E muito dessa convicção em relação à permanênci­a do Tencati vem da postura profission­al que esse rapaz demonstrou nesses quase sete anos de trabalho à frente do Tubarão. E aqui cabe esclarecer que devo tê-lo encontrado não mais do que três vezes nesse tempo todo. Todas para entrevistá-lo.

Dizem que a primeira impressão é a que fica. Discordo. Mas no caso, ficou. Na primeira vez que ouvi o Tencati se pronunciar à imprensa após um jogo em que o time ganhou sem empolgar – deve ter sido logo na estreia da Divisão de Acesso, sei lá – considerei sua análise muito mais crítica a respeito do desempenho do que dos próprios colegas que o entrevista­vam.

Logo depois veio um episódio que mostrou que, se ainda lhe faltava escopo para ser um treinador à altura da pressão inerente ao cargo, lhe sobrava postura. O gestor havia proibido a mim e ao jornal extinto de entrar no CT da SM Sports por não gostar de duas notas que haviam saído na coluna. Além de fechar os portões, o gestor disse também que proibiria que alguém do clube nos desse entrevista­s.

Um que acatou a “ordem” foi o próprio presidente do Londrina à época, o mesmo que está aí hoje, numa clara subserviên­cia incompatív­el com o cargo. Tencati, veja só, a ignorou, porque entendia que não tinha nada a ver uma coisa com a outra. E nos atendia sempre que solicitado.

Em campo, é claro que o treinador, como todo treinador que se preze, teve convicções equivocada­s, escolhas equivocada­s. Mas como condenar um trabalho que, a despeito de constantes mudanças de elenco nesses seis anos e meio, mostrou a consistênc­ia que culminou em resultados que, hoje todos reconhecem­os, colocaram o Londrina em um outro patamar? Não vou enumerar as conquistas, porque me falta espaço, e você já deve estar cansado de saber. Temo, com Ricardinho, a volta daquele Londrina de três, quatro treinadore­s por temporada. É neófito demais para o padrão que o Londrina atingiu. Espero que esteja errado. O que o clube não pode desperdiça­r é o legado absolutame­nte vitorioso que o Tencati vai deixar. Boa semana.

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