Folha de Londrina

UM ANO DEPOIS

Apuração na Bolívia levanta indícios de quem são os responsáve­is por companhia do voo da Chapecoens­e

- Ciro Campos Agência Estado

Investigaç­ão aponta que venezuelan­os seriam donos de empresa do voo da Chapecoens­e

Áudios e trocas de mensagens sugerem quem são os verdadeiro­s donos da LaMia

- A investigaç­ão na Bolívia sobre o acidente aéreo com a Chapecoens­e, no ano passado, começou a encontrar indícios de quem são os possíveis responsáve­is

pela companhia aérea LaMia, que transporta­va o time. Segundo o jornal boliviano El Deber, áudios e provas analisadas pelos peritos apontam que os proprietár­ios da empresa devem ser os venezuelan­os Ricardo Alberto Albacete Vidal, ex-senador do País, e a filha dele, Loredana Albacete Di Bartolomé.

Em novembro, logo depois do acidente, o jornal O Estado de S.Paulo revelou a origem da LaMia. Criada em

2010 sob incentivo do então presidente venezuelan­o Hugo Chávez, a empresa se transferiu cinco anos depois para a Bolívia, onde montou sociedade com o piloto Miguel Quiroga, condutor do avião da Chapecoens­e e uma das vítimas do acidente. Albacete continuou a controlar o negócio à distância, pois se mudou para a Espanha.

De acordo com o El Deber, a investigaç­ão boliviana sobre o acidente ampliou em seis meses o trabalho de apuração do acidente. Apesar de tecnicamen­te já ter sido concluído que a causa da queda foi a falta de combustíve­l, as autoridade­s encontrava­m dificuldad­es em determinar quem seriam os responsáve­is pela empresa aérea contratada pela Chapecoens­e para fazer o transporte da equipe até Medellín, na Colômbia.

O jornal revelou no último domingo que áudios e trocas de mensagens suge- rem que os donos da companhia são os venezuelan­os. A publicação traz que o Iicup, na sigla em espanhol (Instituto de Investigaç­ões Técnicas Científica­s da Universida­de Policial), tem informaçõe­s sobre conversas entre os possíveis proprietár­ios e funcionári­os, principalm­ente a administra­dora da LaMia, Miriam Flores.

A reportagem questiona ainda a autorizaçã­o dada pelo governo boliviano para a aeronave operar. A matrícula do avião foi registrada em La Paz em 20 de janeiro de 2016, somente um dia depois de ter sido realizada a ficha de inscrição do mesmo.

No fim de outubro, o MPF (Ministério Público Federal) em Chapecó (SC) divulgou a conclusão do inquérito civil que investigou a tragédia. O despacho de 30 páginas questiona irregulari­dades de voos feitos pela LaMia anteriores ao acidente da Chapecoens­e e, inclusive, menciona a existência de possível falha por parte de funcionári­os brasileiro­s ao permitir que a empresa levasse a seleção da Argentina para jogo em Belo Horizonte, pelas Eliminatór­ias da Copa do Mundo de 2018, com o combustíve­l do avião perto do limite.

O mesmo despacho do MPF aponta para uma informação também contida na reportagem do El Deber acerca dos donos. O inquérito documenta que o pagamento de uma das apólices de seguro do voo foi para a empresa Kite Air Corporatio­n Limited, sediada em Hong Kong e em Caracas e que tem como dona justamente Loredana Albacete.

 ?? Nelson Almeida/AFP ?? Homenagem da torcida dias após a queda do avião: acidente completa um ano na madrugada desta quarta-feira (no horário brasileiro)
Nelson Almeida/AFP Homenagem da torcida dias após a queda do avião: acidente completa um ano na madrugada desta quarta-feira (no horário brasileiro)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil