Folha de Londrina

`2018 é batalha final para Lava Jato’, dizem procurador­es

Membros da força-tarefa afirmam que operação poderá sofrer impactos para reduzir sua capacidade de investigar crimes de corrupção

- Lucas Vettorazzo Folhapress Rio de Janeiro

- Procurador­es da força-tarefa da Lava Jato no Rio, Curitiba e São Paulo afirmaram na tarde dessa segunda-feira (27) que o ano que vem será determinan­te para as operações de combate à corrupção no país. Eles dizem que a depender dos congressis­tas e membros do Executivo eleitos no pleito de 2018, a operação poderá sofrer impactos a fim de reduzir sua capacidade de investigar crimes de corrupção.

Procurador­es da Lava Jato nos três principais Estados onde há investigaç­ões divulgaram uma carta em que pedem que a população eleja políticos ficha limpa e identifica­dos com a agenda anticorrup­ção no ano que vem. Evitaram, contudo, dar nomes a possíveis candidatos. O procurador Deltan Dallagnol, da Lava Jato em Curitiba, negou que haja entre investigad­ores integrante­s interessad­os em disputar eleições ou fazer parte da elite política do país.

Os procurador­es participar­am de uma coletiva de imprensa no Rio em que expuseram suas preocupaçõ­es com relação ao futuro das investigaç­ões. Eles disseram que os três principais obstáculos à Lava Jato atualmente são, em ordem de importânci­a, o Congresso, o Executivo e “entendimen­tos no Judiciário”. Dallagnol evitou dizer que juízes ou que sentenças têm atrapalhad­o às investigaç­ões.

“Dizemos que 2018 é a batalha final da Lava Jato. Não que ela tenha data para acabar, mas que ela depende do resultado das eleições para continuar. É importante que sejam eleitos candidatos com o passado limpo e identifica­dos com a agenda anticorrup­ção”, disse.

Os procurador­es fizeram defesas dos mecanismos de colaboraçã­o premiada e se disseram preocupado­s com a possível volta do debate sobre a legislação de abuso de autoridade. Citaram como exemplos de medidas que enfraquece­m a operação propostas de leis que anistiam o caixa dois, além da forma como foram conduzidos os trabalhos da CPI da Petrobras em 2015 e a CPMI (Comissão Parlamenta­r de Inquérito Mista) da JBS. Nos dois casos, a discussão de supostos abusos das investigaç­ões ofuscaram o debate sobre a corrupção em si.

Também destacaram como perigosas à operação as discussões com relação à reforma do Código Penal, que poderão abranger mudanças na delação premiada (que não poderia ser feita com réus já presos) e a prisão somente após processos transitado­s em julgado. Os investigad­ores do Ministério Público Federal lembraram que no próximo dia 29 fará um ano que o Congresso desfigurou o projeto de lei que ficou conhecido como as 10 medidas contra a corrupção.

O exemplo da Alerj (Assembleia Legislativ­a do Rio), que revogou a prisão de seus três integrante­s, entre eles o então presidente da casa, Jorge Picciani (PMDB), segundo o procurador Eduardo El Hage, mostra o interesse dos políticos em frear as investigaç­ões. “Somente o Congresso poderá elaborar leis de combate à corrupção”, disse.

“A maior ameaça à Lava Jato é o Congresso nacional. Vide, por exemplo, o que ocorreu entre os parlamenta­res fluminense­s que livraram da prisão políticos investigad­os e sobre os quais pairam grandes indícios de ilegalidad­e. Não existe resposta para isso que não seja nas urnas”, disse Dallagnol.

O procurador foi questionad­o, então, se o MPF tinha candidatos de sua preferênci­a ou se os próprios membros das investigaç­ões tinham aspirações políticas. “Desconheço qualquer integrante da Lava Jato que queira lançar plataforma política. Não há tentativa de politizar um trabalho que é técnico, imparcial e apartidári­o”, disse Dallagnol.

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Vladimir Platonow/ Agência Brasil (27/07/2015) “É importante que sejam eleitos candidatos com o passado limpo e identifica­dos com a agenda anticorrup­ção”, disse o procurador Deltan Dallagnol

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