Do texto para as telas
Oficina de roteiro cinematográfico com Carlos Daniel Reichel encerrou a programação do 19º Festival Kinoarte de Cinema
Apesar de ter concluído as faculdades de jornalismo e contabilidade, Karina Rocha divide seu tempo entre as atividades que desempenha como professora e outra grande paixão: o cinema. Após escrever e dirigir o curta-metragem “A Noiva”, filmado em 2016, a londrinense abriu mão de algumas horas de descanso no último final de semana para, junto com outros apaixonados pela sétima arte, participar da oficina “Storytelling: drama e roteiro de cinema”. Promovida pelo 19º Festival Kinoarte de Cinema, a atividade formativa foi ministrada pelo roteirista e diretor Carlos Daniel Reichel, catarinense que fez mestrado nos Estados Unidos e teve como professores alguns dos maiores nomes do universo cinematográfico, entre eles o cineasta Spike Lee.
Durante o curso realizado na noite de sexta-feira (24) e na manhã de sábado (25), Reichel falou sobre elementos indispensáveis na produção de um bom roteiro para cinema. “O roteirista precisa reunir em seu texto uma mistura entre técnica e coração. A estrutura de eventos de uma história é criada a partir das escolhas que um personagem faz. Geralmente, as narrativas apresentam um protagonista que precisa lutar por algo que quer e não consegue e que após enfrentar uma série de problemas, é testado e acaba se tornando uma pessoa melhor”, explicou.
O catarinense enfatizou que o roteiro de cinema nasce da necessidade universal de contar e absorver histórias. “Essas histórias fazem a gente com que a gente se entenda como realmente somos: seres humanos. E a inspiração para contá-las pode vir das formas mais inusitadas, seja através de um filme que a gente viu, um livro que leu ou de uma situação que vivenciamos”, afirmou.
Para Reichel, o mercado cinematográfico tem gerado uma demanda crescente de contratação de roteiristas. “Essa necessidade profissional aumentou muito com o crescimento da Netflix e de canais a cabo que têm apostado cada vez mais em produções próprias”, contextualizou ao repassar para os alunos da cidade o conselho que ouviu de grandes mestres do cinema durante o período em que Cursou mestrado em escrita dramática na New York Uni- versity, onde desenvolveu projetos sob supervisão de Annie Baker, Walter Bernstein e Spike Lee. “O mantra do roteirista é: ver filmes, ler roteiros e escrever páginas. Não tem como fugir disso”, argumentou.
Carlos Daniel Reichel coescreveu e dirigiu os curtas “Quinta Coluna” e “Garoto VHS”, ambos exibidos e premiados em festivais dentro e fora do Brasil. Escreveu e dirigiu o documentário “Vale Tombado”, sobre o tombamento histórico dos bairros Rio da Luz e Texto Alto, em Santa Catarina, além de assinar a adaptação cinematográfica do livro infantil “A Flauta Mágica” e os roteiros do projeto documental “Jaraguá do Sul 2026”. Atualmente prepara seu primeiro longa de ficção, cujo projeto foi vencedor do Edital Catarinense de Cinema.
“Achei o curso muito interessante. O Carlos tem muita experiência na área e falou de muitos exemplos práticos que pretende usar para aprimorar um roteiro no qual já venho trabalhando há algum tempo”, afirmou Karina Rocha.