DIAGNÓSTICO
Diagnóstico foi feito durante debate em Curitiba entre economistas de várias entidades paranaenses
Especialistas avaliam que ano fechará com avanço nos indicadores econômicos e projetam crescimento em 2018
2017 terminará com indicadores econômicos melhores que os de 2016. Mas a economia vai virar o ano ainda muito vulnerável. Esse é o diagnóstico feito por economistas de diversas entidades paranaenses que participaram nesta quarta-feira, 29, do debate ‘Discutindo Economia: perspectivas para 20181, promovido em Curitiba pelo Corecon-PR (Conselho Regional de Economia do Paraná).
Para Fábio Dória Scatolin, que integrou o debate representando a diretoria do conselho, a trajetória de queda dos juros deve garantir ao País um crescimento entre 1,6% e 1,9% em 2018. “Há de se ter claro que o Brasil melhorou em relação a 2016, mas destoa do resto do mundo. A OC- DE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) projeta para 2018 uma taxa de crescimento de 2,14%”, ressalva. “Nos últimos quatro anos, pegamos o barco da economia e afundamos graças a um ciclo de expansão e contração propiciado pelo governo Lula semelhante ao que experimentamos nas décadas de 60 e 70, períodos de ditadura e milagre econômico. Tivemos inflação, deficit público e desemprego”, complementa.
Na visão dele, há de se repensar a estrutura produtiva do Brasil. “A destruição da indústria nos levou a voltar a patamares da década de 50 quanto à participação dela na geração de riqueza. Pior, o ciclo de supervalorização das commodities agrícolas dá sinais claros de esgotamento, o que torna imprescindível repensar a nossa estrutura produtiva, olhar para cadeias de valor mais consistentes que os grãos no agronegócio”, orienta Scatolin.
Na mesma direção, Pedro Loyola, economista da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), avalia que nos próximos anos, não só o Estado tende a perder a viceliderança na produção nacional de grãos, mas também a expandir a produção de proteína animal. “Há alguns anos, o crescimento da produção de grãos no Paraná se deve ao salto das taxas de produtividade. O Estado não possui espaço disponível para expandir a área plantada”, alega.
Ele ressalta que, apesar do escândalo que envolveu a JBS, a exportação de carne vem crescendo “exponencialmente” no Estado. “A agropecuária vem em uma crescen- te e com uma cadeia de valor mais interessante para a economia paranaense e nacional. Nesse sentido, a perspectiva para a produção paranaense é a melhor possível. Vários investimentos estão acontecendo com destaque para suínos, frangos e a produção de tilápia tanto na oeste, quanto no norte, que dão ao Paraná a liderança nacional na produção desse peixe”, comemora.
COMÉRCIO
O cenário para o comércio em 2018, de acordo com o economista da FecomércioPR (Federação do Comércio do Paraná) Vamberto Santana, é de continuidade da recuperação iniciada em 2017. Ele cita o aumento da intenção de consumo e da renda das famílias. Na visão de Santana, os setores comerciais que serão mais favorecidos em 2018 são concessionárias de veículos , farmácias e drogarias. Atacarejos e os pequenos comércios de bairro, segundo ele, estão na preferência dos consumidores.
Outro aspecto que Santana chama atenção é o crescimento das vendas pela internet. “As vendas on line estão movimentando somas cada vez mais expressivas, seja por conta das gerações mais jovens que não têm qualquer resistência ao consumos dessa forma, seja do ponto de vista de redução de custos de quem vende”, constata.
Em relação à indústria, o economista Roberto Zurcher, da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), segue chamando atenção para a adesão ao conceito 4.0, bem como reconhece que todo o investimento necessário em automação contribui para que a expansão de vagas de trabalho demore a se consolidar. Além disso, segundo dados do debate, mais de 25% da capacidade instalada da indústria paranaense segue ociosa, o que adia investimentos do setor.
Ainda sobre emprego, o economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) Sandro Silva destaca a perda de qualidade dos postos de trabalho em termos de salários e da relação capital trabalho por conta das reformas.
O ciclo de supervalorização das commodities agrícolas dá sinais claros de esgotamento, o que torna imprescindível repensar a nossa estrutura produtiva.”