Folha de Londrina

Usuários criticam reajuste do pedágio e cobram melhorias

Um dia após a Agepar autorizar novos valores para as tarifas no Anel de Integração do Paraná, reportagem da FOLHA percorreu trechos próximos às praças de Jataizinho e Arapongas para ouvir motoristas. Custo e qualidade das pistas são principais queixas de

- Pedro Marconi Reportagem Local

Um dia depois da Agepar (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Infraestru­tura do Paraná) homologar o aumento nas tarifas de pedágio do Estado, a FOLHA percorreu o trecho de duas praças – a de Jataizinho e a de Arapongas – para ouvir motoristas. Todos demonstrar­am descontent­amento com os valores e atual contrato. Representa­ntes de entidades ligadas à produção e ao transporte também estão insatisfei­tos. A partir de sexta-feira (1º), os preços nas 27 praças terão um reajuste que varia de 2,75% a 8,06%, consideran­do adicionais não previstos aos contratos.

O trecho com o maior custo continuará sendo o de Jataizinho (Região Metropolit­ana de Londrina), que passará dos atuais R$ 21 para R$ 22. “Não é o pedágio em si o problema, mas o preço. É algo surreal para um via de cerca de 46 quilômetro­s. Tinha que ser mais barato, pois da maneira que é e pelo serviço oferecido é um ‘assalto’ e fora da realidade”, classifico­u um auditor aposentado de Ourinhos (SP), que preferiu manter o anonimato.

Avisada pela reportagem sobre o aumento, a vendedora Cristina dos Santos mostrou surpresa. “Mesmo que seja algo que esperamos todos os anos, nunca é bom. Já não era barato. Estamos em um período de crise e o que gastamos em trechos pedagiados aumenta muito o custo da viagem. Venho de Jaú (SP) e a maior parte do meu custo na viagem foi por conta do pedágio do Paraná, e para dirigir em pista simples”, afirmou a londrinens­e.

O alto custo do pedágio de Jataizinho, que é administra­do pela Triunfo, faz com que motoristas busquem caminhos alternativ­os para evitar o pagamento. Perto das cancelas da praça do município, uma estrada rural serve como “rota de fuga”. “Procuro ao máximo não ter que pegar este pedágio. O custo não condiz com a qualidade”, criticou o vendedor Renato Natal da Luz. Ele informou que por mês chega a gastar de R$ 380 e R$ 400 com o pedágio.

ARAPONGAS Na praça de pedágio de Arapongas, a taxa cobrada a partir de sexta-feira será de R$ 8,90, valor R$ 0,70 maior. Para os motoristas, apesar do valor ser baixo em comparação a outras localidade­s, ainda é caro. “É muito dinheiro para termos diversos quilômetro­s com buraco e oscilação na pista. Para nós que moramos na cidade é ainda pior, pois sempre precisamos passar por aqui”, reclamou o coureiro Admilson Oliveira. “Próximo à praça de pedágio a pista ainda é boa, porém, quanto mais distante, mais vai diminuindo a qualidade”, apontou o lavador de carros Marcos Roberto.

Para o caminhonei­ro Emilio Wunsch, a proximidad­e entre as cobranças de pedágios nos 2.700 quilômetro­s que compõem o Anel de Integração do Estado é outro fator negativo. “Viajo muito pelos Estados do Sul do Brasil e considero a extensão menor comparado a Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Isso faz com que se pague mais e com grandes diferenças de preços”, disse. Seis concession­árias são responsáve­is por administra­r as rodovias estaduais e federais do Paraná. NOVO MODELO O secretário executivo do Conselho de Infraestru­tura da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), João Arthur Mohr, entende que os reajustes anuais, por ser contratuai­s, são devidos, porém, lamentou que as tarifas estejam acima de outros Estados, e por culpa dos atual contrato, que vence em 2021. “O nosso contrato tem erros do passado e isso reflete agora. Quando foi feito tínhamos uma elevada taxa Selic, que baliza todos os financiame­ntos; não tínhamos experiênci­a neste tipo de assunto, o que fez com que as concession­ários buscassem uma margem maior de segurança nas tarifas; e não houve concorrênc­ia na licitação.”

Mohr defende que a administra­ção continue com o setor privado, mas com um novo modelo. “Estamos com uma economia menos instável, mais experiente­s e precisamos criar concorrênc­ia, além de debater com a população. Tudo isso pode fazer com que tenhamos um contrato moderno, com tarifas na metade do preço dos atuais e obras em dobro.” Segundo ele, as concession­árias vão entregar ao final do contrato 32% de quilômetro­s de rodovias duplicadas. “Com um contrato diferente teríamos 60% do que é administra­do”, pontuou.

A Fiep, junto com outras 20 entidades da sociedade civil, começará a realizar, a partir de 2019, audiências públicas nas 40 maiores cidades do Paraná para debater um novo formato de contrato. “Assim é possível captar as necessidad­es de obras de cada região, o teto máximo para a tarifa e o melhor lugar para a praça de pedágio. É uma forma de dar transparên­cia”, explicou. Em 2018, será feito um levantamen­to técnico sobre a situação das estradas e necessidad­e de obras.

Na edição desta terça-feira (29) da FOLHA, o Sindicato dos Caminhonei­ros de Londrina e o Sindicato das Empresas de Transporte­s de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar) também mostraram descontent­amento com os novos valores do pedágio paranaense e com o contrato de concessão.

 ??  ??
 ?? Ricardo Chicarelli ?? Renato Natal da Luz sempre tenta desviar do pedágio de Jataizinho, mas, mesmo assim, acaba gastando cerca de R$ 400 por mês
Ricardo Chicarelli Renato Natal da Luz sempre tenta desviar do pedágio de Jataizinho, mas, mesmo assim, acaba gastando cerca de R$ 400 por mês
 ?? Ricardo Chicarelli ?? O caminhonei­ro Emilio Wunsch critica a proximidad­e entre as praças de pedágio no Paraná, condição que ele não observa em outros Estados
Ricardo Chicarelli O caminhonei­ro Emilio Wunsch critica a proximidad­e entre as praças de pedágio no Paraná, condição que ele não observa em outros Estados

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil