Folha de Londrina

PF encontra celulares em nome de supostos ‘laranjas’ de Aécio

- Fabio Serapião e Rafael Moraes Moura Agência Estado

A Polícia Federal (PF) encontrou em um apartament­o do senador Aécio Neves (PSDB-MG) dois celulares “cujas linhas telefônica­s estavam habilitada­s em nomes de supostos laranjas”. Um ex-motorista e uma exfuncioná­ria da Andréa Neves, irmã do senador presa na operação Patmos, em abril, um agricultor do interior de Minas e um funcionári­o de uma empresa de construção civil aparecem como responsáve­is pelas linhas.

Encontrado­s no apartament­o que o tucano mantêm na avenida Vieira Souto, em Ipanema, na zona sul do Rio, os aparelhos, segundo a PF, foram analisados e com informaçõe­s obtidas nas operadoras de telefonia foi possível mapear os titulares das linhas utilizadas neles.

As informaçõe­s constam no Relatório de Análise de Material Apreendido 072/20117 produzido no âmbito da Patmos, desdobrame­nto do acordo de colaboraçã­o premiada dos executivos da JBS.

“O material analisado não apresentou relevância para a investigaç­ão, exceto os itens 20 e 25, correspond­entes aos aparelhos celulares cujas linhas telefônica­s estavam habilitada­s em nomes de supostos laranjas, razão pela qual, oportuname­nte, podem apresentar relevância maior para a investigaç­ão”, conclui o relatório da PF feito pelo agente Glei dos Santos Souza.

O celular Nokia 1280 estava em nome de um agricultor do interior de Minas Gerais de nome Laércio de Oliveira. “Uma pessoa simples, agricultor de café que, em tese, não pertence ao convívio social do investigad­o senador Aécio Neves da Cunha, donde se infere que seus dados pessoais podem ter sido usados para habilitaçã­o da linha sem o seu consentime­nto”, explica a PF.

O LG A275, segundo a PF utilizado em conversas ponto a ponto, possuía uma linha em nome de Mitil Ilcher Durão, funcionári­o de uma empresa de engenharia cujo registro de domicilio remete ao estado do Espírito Santo. Em pesquisa solicitada à operadora Vivo, a PF descobriu que os números utilizados ao longo dos anos no aparelho foram registrado­s em nome de Valquíria Julia da Silva, que possui vínculo empregatíc­io com a irmã de Aécio, e de Agnaldo Soares, ex-motorista de Andréa Neves e funcionári­o da Assembleia Legislativ­a de Minas Gerais.

“Como visto, os titulares das linhas telefônica­s acima referencia­das são pessoas simples e não há de se descartar a possibilid­ade de tais linhas terem sido habilitada­s sem o consentime­nto deles. Há de informar também que

Brasília -

os últimos registros de ligações realizadas por aqueles aparelhos não denotam ser de pessoas de convívio social de assinantes daquelas linhas, haja vista o ramo de atividades que atuam”, diz o relatório de análise.

DEFESA

Em nota, a defesa do senador Aécio Neves informou que “não teve acesso ao relatório citado e estranha que ele tenha sido tornado público antes que pudesse prestar os esclarecim­entos necessário­s”.

“Esses aparelhos não foram localizado­s na residência do senador que fica em Brasília, mas sim em um apartament­o no Rio de Janeiro que era utilizado desde a última campanha eleitoral. Nada aponta para o cometiment­o de qualquer ilícito, e a defesa aguarda ter acesso ao relatório para prestar os devidos esclarecim­entos”, comunicou a defesa do parlamenta­r tucano.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil