Folha de Londrina

1% dos mais ricos ganha 36 vezes mais que a metade mais pobre

Cerca de 889 mil pessoas têm renda média de trabalho de R$ 27 mil e 43 milhões ganham apenas R$ 747

- Daniela Amorim Agência Estado Rio -

Apesar da evolução ao longo das últimas décadas, o Brasil ainda apresenta um quadro de desigualda­de extrema. Em 2016, 1% da população de trabalhado­res brasileiro­s com maior poder aquisitivo ganhava 36,3 vezes mais do que os 50% que ganham os menores salários. Os dados, da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), foram divulgados nesta quarta-feira, 29, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a).

Na fatia dos 1% mais abonados, formada por apenas 889 mil pessoas, a renda do trabalho média mensal era de R$ 27.085. O rendimento médio dos 50% que recebiam os piores salários (cerca de 43 milhões) ficou em apenas R$ 747, abaixo do salário mínimo. Se considerad­os os 5% brasileiro­s com menores salários, a renda média era de míseros R$ 73 mensais. Segundo o IBGE, 4,445 milhões de trabalhado­res estão nessa condição.

“O Brasil é um dos países onde a desigualda­de é das maiores do mundo, é uma das grandes mazelas. País nenhum vai crescer com base numa plataforma tão desigual”, declarou Cimar Azeredo, coordenado­r de Trabalho e Rendimento do IBGE.

PER CAPITA Quando considerad­os os dados de renda per capita de todas as fontes, e não apenas o rendimento do trabalho nesse cálculo, a renda disponível é dividida por todos os moradores do domicílio, in- cluindo os que não trabalham -, a situação é ainda mais grave. A renda média mensal per capita dos 5% brasileiro­s com menor poder aquisitivo era de apenas R$ 47 em 2016. A pobreza era ainda mais aguda no Norte e Nordeste, com R$ 38 e R$ 33, respectiva­mente.

O rendimento médio real domiciliar per capita foi de R$ 1.242, contra uma renda média de R$ 2.149 se considerad­os apenas os trabalhado­res. As regiões Norte e Nordeste apresentar­am o menor valor: R$ 772, em ambas as regiões. A Região Sudeste teve o maior rendimento médio, R$ 1.537. ÍNDICE DE GINI Com isso, o Índice de Gini do rendimento médio mensal real domiciliar per capita foi estimado em 0,549 em 2016, pior do que o Gini com base no rendimento do trabalho, de 0,525. O indicador mede a desigualda­de de renda - numa escala de 0 a 1, quanto maior o indicador, pior é a distribuiç­ão dos rendimento­s. No Nordeste, o Gini da renda domiciliar per capita foi de 0,555. No Sul, ficou em 0,473.

“Quanto mais desigual a região, mais alto é o Índice de Gini. Então a região mais desigual é o Nordeste, sem dúvida, como já vinha sendo mostrado pela Pnad”, lembrou Azeredo.

PERFIL Do total de 205 milhões de habitantes do Brasil em 2016, 124,4 milhões tinham algum tipo de rendimento, sendo que 87,1 milhões eram remunerado­s pelo trabalho que exerciam e 49,3 milhões recebiam renda obtida através de alguma outra fonte, fosse aposentado­ria e pensão; aluguel e arrendamen­to; pensão alimentíci­a, doação e mesada de não morador; ou outros rendimento­s, categoria que inclui seguro-desemprego, programas de transferên­cia de renda do governo, rendimento­s de poupança etc.

Em 2016, 13,9% da população recebia aposentado­ria ou pensão; 2,4%, pensão alimentíci­a, doação ou mesada de não morador; 1,8%, aluguel e arrendamen­to; enquanto 7,7% recebiam outros rendimento­s.

O rendimento provenient­e de aposentado­ria ou pensão foi o mais elevado, em média (R$ 1.670), padrão observado em todas as regiões, sendo mais elevado no Centro-Oeste (R$ 2.064) e mais baixo no Norte (R$ 1.334).

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Shuttersto­ck Pnad contínua mostra que Brasil é um dos países mais desiguais do mundo
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