Folha de Londrina

Morales pode disputar eleição

Decisão contraria resultado de plebiscito realizado em janeiro de 2016, em que 51% dos votantes foram contrários à participaç­ão do presidente boliviano em nova eleição

- Folhapress

São Paulo -

O Tribunal Constituci­onal Plurinacio­nal da Bolívia, que é o órgão máximo do Judiciário do país, autorizou nesta terça (28) o presidente Evo Morales a concorrer a seu quarto mandato na eleição de 2019, o que pode permitir a ele ficar 19 anos no poder.

A decisão contraria o resultado do plebiscito de janeiro de 2016, em que 51% dos votantes negaram ao mandatário a possibilid­ade de disputar novo pleito. Morales, porém, ainda não falou se pretende ou não concorrer de novo.

Os magistrado­s acolheram ação de inconstitu­cionalidad­e do MAS (Movimento ao Socialismo), partido governista, cujo argumento era que os limites legais de reeleição e de mandatos violam o sufrágio universal.

Para embasar a tese, recorreram à Constituiç­ão, que prevê cassação de direitos políticos em caso de sedição armada, desvio de dinheiro público ou traição à pátria, e à Convenção Interameri­cana de Direitos Humanos.

“Todas as pessoas que estejam conformes com a lei e a Constituiç­ão devem ter o direito de concorrer a cargos públicos, porque cabe ao povo boliviano decidir”, disse o presidente do TCP, Macario Lahor Cortez, na decisão.

Com isso, abriu-se a chance de segunda reeleição aos demais cargos do Executivo e do Legislativ­o. A oposição a considerou uma violência à lei e um golpe à democracia alguns chamaram o governo de ditadura. “Esta decisão reafirma que a Justiça é um instrument­o do MAS para deixar impune a corrupção, violar direitos e vulnerar a Constituiç­ão”, disse o vice-presidente do Democratas, Vladimir Peña.

O ex-presidente Jorge Quiroga chamou os magistrado­s de “matadores de aluguel” e criticou Morales. “O senhor desonra sua palavra prometendo cumprir seu mandato e sair para abrir um restaurant­e. Não tem palavra.”

Peña e Quiroga pediram que os eleitores votem nulo na eleição dos membros do Judiciário em protesto os bolivianos escolhem os novos magistrado­s no domingo (3).

Evo Morales assumiu pela primeira vez em 2006, mas no ano seguinte convocou uma Constituin­te, e, na nova Constituiç­ão, estipulou-se que seria possível só uma reeleição consecutiv­a. Nas primeiras votações sob a lei nova, em 2009, ele foi eleito.

A Justiça, porém, reinterpre­tou a lei de modo a considerar como válidos para a regra apenas os mandatos obtidos após a nova Constituiç­ão, de modo que Morales estaria no primeiro. Com isso, pôde se candidatar de novo em 2014 e venceu outra vez.

Esta decisão da corte suprema ocorre dias após o boliviano dizer que admirava o ditador da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, por estar 38 anos no poder, e ganhar com 90% dos votos - a comunidade internacio­nal considera os pleitos fraudulent­os.

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Presidênci­a da Dolívia/AFP Recentemen­te, Morales manifestou admiração pelo ditador da Guiné Equatorial, que está há 38 anos no poder

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