Folha de Londrina

Conheça os cinco perfis de relações com o dinheiro

Pesquisa aponta cinco perfis de relação com dinheiro para os brasileiro­s

- Fábio Galiotto Reportagem Local

A relação popular com o dinheiro e o futuro vai além das caracterís­ticas socioeconô­micas ou etárias. Existem diferentes predisposi­ções e percepções de mundo que definem boa parte dos momentos em que a pessoa decide se deve poupar para o futuro, viver o presente ou mesmo ser empurrada pelos altos e baixos do dia a dia. É o que aponta a pesquisa Trajetória Financeira do Brasileiro feita pela Ambima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), que definiu cinco perfis de controle de finanças no País.

O tipo mais comum é o Construtor, com 30% do total, seguido pelo Camaleão (29%), Planejador (22%), Despreocup­ado (11%) e Sonhador (6%). Os 2% restantes não se enquadrara­m em qualquer um dos perfis e foram classifica­dos como ‘Outros’. É possível tentar se enquadrar em uma das classifica­ções por meio da concordânc­ia com as alternativ­as expostas em infográfic­o nesta página.

Os comportame­ntos e vontades não exprimem necessaria­mente a prática de poupar, já que a mesma pesquisa aponta que 62% não conhecem ou não usam qualquer tipo de investimen­to. Foram entrevista­das 2.653 pessoas economicam­ente ativas, aposentada­s ou que vivam de rendas, que pertencem às classes econômicas A, B e C e residem em 130 municípios das cinco regiões do Brasil.

Os construtor­es são os que buscam controlar o dinheiro cotidianam­ente, mesmo que em pequenos valores. Entre eles, 91% dizem pensar duas vezes antes de gastar ou consumir. São aqueles que pensam na segurança e no futuro, moeda a moeda, e orientam os familiares no planejamen­to financeiro deles.

Quase empatado em proporção aparecem os camaleões, que se adaptam o tempo todo para sobreviver a mais um mês de boletos. São os que entendem que investimen­tos são importante­s, mas que não pou- pam porque 80% diz que o dinheiro que cai na conta evapora. Por isso, nem mesmo gostam de usar os serviços bancários.

Na sequência, estão os planejador­es, que têm mais prazer em saber que poupou ou ganhou dinheiro com um investimen­to do que com o consumo. Eles assumem o compromiss­o de guardar um pouco, sempre e de forma planejada, pensando no longo prazo. Quatro em cada cinco das pessoas com esse perfil dizem ter reservas financeira­s de emergência e são mais próximas a gerentes e corretores de investimen­to.

Com maior tranquilid­ade em relação às finanças do que os camaleões mas igualmente na corda bamba aparecem os despreocup­ados. Para 86% deles, o dinheiro serve para gastar, dar prazer e viver o presente. Sem receios em relação ao futuro e à aposentado­ria, acreditam que tudo vai dar certo no fim.

Em um meio termo entre os que não poupam e os que investem mesmo que o mínimo estão os sonhadores. Por acreditare­m que precisam de grandes quantias para realizar algo, acabam por não salvar pequenos valores. Porém, são mais jovens e otimistas quanto ao futuro: 86% têm tendência ao empreended­orismo e preferem trabalhar em projetos pessoais, em que realmente acreditam.

MUDANÇA DE COMPARTAME­NTO

Especialis­ta em finanças pessoais, a professora de economia da Unifil Maria Eduvirge Marandola afirma que o comportame­nto da população se modificou aos poucos, em resposta ao acesso maior a informaçõe­s em escolas e na própria mídia. Mesmo assim, diz que a pesquisa mostra que muitos não sabem como gerir os recursos que têm em mãos .“É preciso se impor um planejamen­to, porque o comum é aumentar o consumo na mesma proporção em que a renda sobe.”

Ainda, o consultor econômico da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Marcos Rambalducc­i, acredita que a pesquisa indique mais uma intenção de poupar do que a prática. “Em Londrina, vemos que uns 20% investem algo”, conta o também professor da UTFPR.

Ele lembra que as condições sociodemog­ráficas de cada perfil apontam para pessoas com renda maior e mais instruídas entre as que mais poupam, um reflexo do acesso maior à educação financeira nas escolas. Marandola completa que os mais jovens são maioria entre os sonhadores, com objetivos diferentes dos que os pais tinham. “Não é necessaria­mente ruim. Há uma inexperiên­cia em poupar e um entendimen­to diferente sobre a questão financeira, masco mé alguém que sonha alto e pensa, sim, lá na frente.”

APOSENTADO­RIA

As mudanças na relação com o dinheiro que reformas como a trabalhist­a e a previdenci­ária impõem ao trabalhado­r estão diretament­e ligadas à maior necessidad­e de organizaçã­o financeira para o brasileiro. “É preciso entender que, se apessoa não se preparar para médio elongo prazos, a situação pode ficar insustentá­vel por causa de um período de desemprego”, diz Marandola. “Todos precisam entender que a aposentado­ria pública faz com que se receba um valor que não condiz com o ganho que apessoa tinha quando era ativa, então é necessário fazer algum ti pode poupança agora ou continuara trabalhar depois”, complement­a Rambalducc­i.

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