Folha de Londrina

PSICULTURA -

- Victor Lopes Reportagem Local

Paraná é referência na produção de peixes de cultivo. Cadeia do pescado avança e torna-se cada vez mais promissora

A produção de peixes no Paraná ganha mais um incentivo com a redução na carga tributária, além da demanda crescente nos frigorífic­os locais; produtor que investir em tecnologia tem tudo para crescer

Com um potencial hídrico significat­ivo, o Paraná se tornou referência na produção de peixes de cultivo no País, e não é de hoje. Quando se faz um retrospect­o da atividade nos últimos seis anos, fica evidente como a cadeia cresce ano a ano e se torna cada vez mais promissora para o agronegóci­o do Estado.

Não por acaso, o governo estadual reduziu recentemen­te a carga tributária para o peixe que tem como destino o estado de São Paulo (veja o box), maior comprador do nosso produto. Mais do que isso: levantamen­tos apontam que a capacidade dos frigorífic­os ainda tem muito espaço para o incremento de abate e o que falta, de fato, é peixe. Além disso, ainda há muitos pisciculto­res com índices de produtivid­ade baixos e podem incrementa­r esse faturament­o. A cadeia paranaense do peixe e, claro, o consumo, têm muito para crescer!

Os números de evolução são de fato impression­antes. Em 2010, o Estado produzia 36,8 mil toneladas de pescado, sendo que 27 mil toneladas (73%), eram de tilápia. Ano passado, o valor total fechou 93,2 mil toneladas, sendo 85,7 mil toneladas (92%), de tilápia. Deste montante, aproximada­mente 70% está ligado a tanque escavado e o restante tanque rede.

Para o engenheiro de pesca da Emater, Luiz Eduardo Guimarães de Sá e Barreto, o Lula, a evolução da cadeia no Estado passa pelo arrojo do produtor, que precisa acreditar mais na atividade. “A tecnologia já está disponível para todos no mercado. A diferença das regiões mais desenvolvi­das é o investimen­to. Em alguns locais estamos falando de pesca mecanizada, densidade maior de peixe por área, uso de aeradores, rações de qualidade, tudo isso dá um retorno bem melhor.”

Um exemplo está na região de Palotina e Maripá, que se tornou um case interessan­tíssimo no Estado. As cidades respiram piscicultu­ra em tanque escavado e assim têm abastecido frigorífic­os de outras regiões, que não conseguem manter uma constância e nem volume efetivo na produção. “Lá eles têm uma concentraç­ão grande peixe por área, geradores de energia, maior quantidade de aeradores e tudo isso contribui para uma produção maior. Enquanto ainda há pisciculto­res no Estado que produzem 10 toneladas por hectare (ha), os mais profission­alizados já atingem 50 a 70 toneladas por ha, com um retorno limpo que chega à 25%.”

Além de mais ousadia dos produtores em apostar na cultura, o engenheiro de pesca relata que o Estado também tem áreas poucos exploradas. “Temos a região Noroeste com muita água e o Centro do Paraná, que embora seja mais frio, é possível trabalhar com espécies típicas. Além disso, há uma demanda reprimida para o consumo do pescado.”

SÓ FILÉ DE TILÁPIA?

Olhando os números, fica claro que a tilápia impera soberana no Paraná e - como a cadeia foi estruturad­a há alguns anos - isso deve continuar dessa forma. Segundo Lula, isso acontece porque o ciclo da espécie é menor, de apenas sete meses, comparado a outras possibilid­ades nativas, como o Piau ou Pacu, que possuem ciclo de 14 meses, aproximada­mente. “É claro que ficamos preocupado­s com o monocultiv­o, mas é fato que a indústria se estabelece­u no Estado para atender a tilápia.”

Hoje o consumidor do Paraná foca principalm­ente no filé do peixe. Diferentem­ente, por exemplo, do Ceará, maior consumidor de tilápia no País, mas usufrui do peixe todo. “Se mudarmos um pouco o hábito do consumo, isso pode ajudar até a indústria inclusive, que demandaria menos mão de obra que no filé.”

Para o consumidor, os outros cortes seriam importante para baratear o peixe, que em filé, ainda é muito caro. “O corte em postas já começou a aparecer e tem indústrias apostando nele. Assim, seria possível baratar o produto e atender as camadas menos favorecida­s da sociedade, que são um grande nicho a ser explorado.”

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