Folha de Londrina

Assembleia Legislativ­a entra nas últimas semanas antes do recesso se preparando para votar projetos polêmicos

LOA, mensagem que pode aumentar ICMS e PEC que dá “superpoder­es” a secretário­s devem entrar em pauta nos próximos dias; texto sobre escarpa devoniana fica para 2018

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local

Curitiba – Perto do recesso de fim de ano, a AL (Assembleia Legislativ­a) do Paraná ainda tem projetos importante­s, alguns deles polêmicos, para votar. De acordo com o presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB), a última sessão ordinária de 2017 deve ocorrer na segunda semana de dezembro – regimental­mente, elas poderiam seguir até 22 de dezembro, sendo que em 2 de fevereiro de 2018 os deputados estaduais retornam aos trabalhos. Para que a previsão se confirme, porém, ainda é preciso concluir a votação da Lei Orçamentár­ia Anual (LOA) e de outras mensagens pendentes.

A LOA foi entregue no início de outubro, dentro do prazo legal, que é de três meses antes do final do período legislativ­o. O texto prevê receita corrente líquida de R$ 59,7 bilhões, para fixação de despesas no ano que vem. Na educação, estão separados R$ 8,5 bilhões, o que correspond­e ao investimen­to mínimo constituci­onal, de 30%. Em saúde, o governo vai direcionar R$ 3,4 bilhões, o equivalent­e aos 12% legais, enquanto na segurança aplicará outros R$ 3,7 bilhões. O projeto tramitou primeiro na Comissão de Orçamento, onde os parlamenta­res puderam apresentar emendas. “Imagino que no máximo dia 12 ou 13 vamos votar a matéria. Está praticamen­te concluída e, tão logo chegue a mim, iremos votar”, contou Traiano.

Outra mensagem controvers­a de autoria do Executivo é a 557/2017, prevendo mudanças na forma de cálculo do ICMS para empresas enquadrada­s no Simples nacional. Já aprovada em primeiro turno, ela volta à pauta nesta segunda-feira (4), em segunda discussão. Na ocasião, os membros da base de apoio e da oposição ao governador Beto Richa (PSDB) vão analisar o mérito das 17 emendas referendad­as pela Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ).

Apesar de o projeto destacar o perdão de dívidas com o IPVA, os pontos que mais vêm causando discordânc­ia são os relativos ao parcelamen­to e à ocorrência do fato gerador do ICMS. A Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), por exemplo, chegou a emitir uma nota, na qual destaca que a medida poderia aumentar em até 58% o tributo pago por algumas micro e pequenas empresas, o que o governo nega. O líder da situação, Luiz Cláudio Romanelli (PSB), frisou que há uma “trava” impedindo o cresciment­o de qualquer tipo de imposto, sendo que as companhias que faturam até R$ 720 mil terão redução de sua carga tributária.

Há ainda a Proposta de Emenda à Constituiç­ão 6/2017, que permite ao chefe do Executivo dispor sobre a organizaçã­o e o funcioname­nto da administra­ção estadual, bem como extinguir funções ou cargos públicos mediante decreto. Ela passou em primeira discussão na última semana, por 39 votos a seis, mas é necessário esperar um intervalo de cinco sessões antes da análise em segundo turno. Os autores são Traiano e Romanelli. De acordo com o político do PSB, a intenção é dinamizar a gestão, dando celeridade e eficiência aos atos. O texto também permite que o governador delegue aos secretário­s de Estado, ao procurador-geral de Justiça e ao procurador-geral do Estado a incumbênci­a de promover alterações administra­tivas e assinar convênios.

Na avaliação do oposicioni­sta Nereu Moura (PMDB), conceder “autonomia total, geral e irrestrita” a qualquer subordinad­o do governador é uma “irresponsa­bilidade e até má fé”, ainda mais em final de mandato. “Se a PEC passar, será um golpe mortal contra a democracia, a lei de responsabi­lidade fiscal e a própria fiscalizaç­ão do uso do dinheiro público”, opinou. Ele informou que entrará na Justiça com um mandado de segurança para impedir a aprovação do texto. Também sugeriu apresentar uma Ação Direta de Inconstitu­cionalidad­e (Adin) junto ao Tribunal de Justiça (TJ), para declarar nula a matéria.

ESCARPA

Por outro lado, após conversas com integrante­s do “Comitê Pró-Escarpa Devoniana”, o presidente do Legislativ­o assegurou que o projeto de lei 527/2016, propondo a nova delimitaçã­o da Área de Preservaçã­o Ambiental (APA) nos Campos Gerais, não será votado neste ano. Traiano compromete­u-se a “esgotar o debate”, ouvindo todos os segmentos acerca da iniciativa, até que a matéria seja enfim apreciada em plenário.

“Estamos buscando uma forma de pacificar a questão. Vamos promover todas as discussões possíveis. Recebi o relatório de entidades que são contrárias ao projeto. Vamos ouvir todos democratic­amente e serei o mediador para construir uma alternativ­a. Não há nenhum tipo de pressão, até porque não temos prazo para votar este projeto”, disse. Os represente­s do Comitê trouxeram um parecer e solicitara­m o encaminham­ento do documento à Comissão de Ecologia, Meio Ambiente e Proteção aos Animais da Casa.

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Noemi Froes/Alep A última sessão ordinária da AL em 2017 deve ocorrer na segunda semana de dezembro

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