Ranking mostra a força das cooperativas
Modelo de gestão democrática, o cooperativismo vem impulsionando a economia paranaense. Em 2016, as 221 integrantes do Sistema Ocepar faturaram mais de R$ 70 bilhões. O trabalho baseado em planejamento estratégico e desenvolvimento das pessoas vem garanti
Das 30 empresas paranaenses mais bem colocadas no ranking 500 Maiores do Sul, da Revista Amanhã e da PWC Brasil, 11 são cooperativas. Coamo, de Campo Mourão, é a que aparece primeiro no ranking, na 10ª posição geral. A Integrada – empresa londrinense mais bem colocada no ranking geral, na 48ª posição – também está entre as 30 maiores do Paraná. As demais cooperativas listadas são C. Vale (Palotina), Cooperativa Agroindustrial Lar (Medianeira), Cocamar (Maringá), Copacol (Cafelândia), Cooperativa Agrária Agroindustrial – Cereais Central (Guarapuava), Castrolanda (Castro), Frísia (Carambeí), Frimesa (Medianeira) e Coopavel (Cascavel).
Em 2016, as 221 cooperativas do Sistema Ocepar faturaram mais de R$ 70 bilhões, valor que veio crescendo ao longo dos anos. Nos últimos cinco anos, elas compuseram 56% do PIB Agropecuário do Paraná. A estimativa para 2017 será divulgada no próximo dia 8 de dezembro.
Robson Mafioletti, superintendente da Ocepar, exalta a força do cooperativismo, que leva as empresas a crescerem e a se tornarem longevas e resistentes às intempéries da economia. Do total de cooperativas que compõem o Sistema Ocepar, 15 faturam acima de R$ 1 bilhão, sendo que 14 são do setor agropecuário, e uma do setor de saúde. “Algumas têm mais de 90 anos”, destaca Mafioletti. Para ele, o fato de o cooperativismo ser um modelo de gestão democrática em que as cooperativas são controladas por muitos “donos”, faz com que as decisões tomadas por elas sejam mais bem pensadas. “As decisões no dia a dia podem ser um pouco mais lentas, mas são muito bem pensadas e discutidas no âmbito da sociedade.”
“O sistema do cooperativismo é bem estruturado, bem organizado e vem trabalhando com planejamento desde a década de 1970”, comenta ainda Pedro Gonçalves, diretor da Partner Consulting, parceira da Ocepar no PRC-100 (Plano Paraná Cooperativo). Segundo Gonçalves, nem todas as empresas fazem planejamento, e são poucas aquelas que efetivamente o implantam, controlam, monitoram e revisam. As cooperativas, no entanto, têm se mostrado diferentes, compara o diretor. “As cooperativas têm adotado o planejamento e o desenvolvimento das pessoas.”
PLANEJAMENTO
“Hoje a maioria das cooperativas têm planejamento estratégico para longo prazo, e acredito que seja a confiança dos produtores cooperados, cada vez mais fidelizados, que levam a esse resultado (do ranking)”, opina o diretor-presidente da Integrada, Jorge Hashimoto. Para ele, o modelo do cooperativismo também contribui para o crescimento das cooperativas e dos cooperados. “Os cooperados reconhecem que pertencem a uma cooperativa e que a cooperativa é deles. O relacionamento não termina na hora que se comprou ou que se vendeu. Eles continuam participando da cooperativa. Resultados, sobras e todo o investimento feito não é de um dono, é de todos os cooperados. O cooperativismo visa atender pessoas, a família participa. E isso tem atraído interessados.”
Para 2020, a cooperativa planeja chegar aos R$ 4 bilhões de faturamento com 4% de resultados através do aumento de escala, da redução das despesas e da melhora do processo de industrialização dos produtos das cooperadas. “Estamos expandindo a área de atuação e partindo bastante para a industrialização para agregar valor aos produtos primários. De dois anos para cá estamos atuando no Estado de São Paulo”, reforçou Hashimoto. No ano passado, a Integrada investiu cerca de R$ 40 milhões em adequação de estrutura, como no aumento da capacidade de armazenamento para receber a produção, e inaugurou uma nova fábrica de ração.
A Integrada é a empresa londrinense mais bem colocada no ranking 500 Maiores do Sul, na 48ª posição. No ano passado, teve faturamento de R$ 2,7 bilhões, e conta com 9,2 mil cooperados, que receberam R$ 23 milhões de sobras no ano passado. Com produções recordes nas últimas safras, a Integrada é responsável por 1% de toda a produção brasileira, destacou o diretor-presidente.
Para 2017, a expectativa é manter o faturamento. “Tivemos um crescimento bastante expressivo nos últimos cinco anos. Esse ano tivemos uma safra boa, recordes de produção, mas em relação ao faturamento, vamos manter. Esse mercado é uma questão de momento. Caiu muito o preço das commodities, e os insumos também caíram de preço, atreladas ao dólar.” Hashimoto, no entanto, tem convicção de que ano que vem a cooperativa irá recuperar o crescimento e que em 2020 chegará ao objetivo de R$ 4 bilhões de faturamento.