Folha de Londrina

Meire Mozza, contadora de Alberto Yousseff, disse ter firmado acordo informal com delegado da PF

- Luiz Vassallo Agência Estado

Advogados de alvos da Operação Lava Jato pediram ao juiz federal Sérgio Moro para ter acesso à íntegra das mensagens, e-mails e depoimento­s entre a contadora de Alberto Youssef e o ex-integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato Márcio Anselmo.

Defensores reagiram nesta sexta-feira, 1, às declaraçõe­s de Meire Mozza que disse ao magistrado ter firmado um acordo informal com investigad­ores e que foi orientada pelo ex-integrante da forçataref­a a não firmar delação premiada com o Ministério Público Federal.

Responsáve­is pela defesa de André Vargas pediram “todo o conteúdo de e-mails e mensagens trocadas com os agentes públicos responsáve­is pelas investigaç­ões da Operação Lava Jato” referentes à ação penal em que o ex-deputado é réu por lavagem de dinheiro, ao lado da contadora.

Já os advogados de Marcelo Simões pediram acesso a todos os depoimento­s da contadora à PF. “Ocorre, Excelência, que a relação da cidadã Meire Pozza com o digno Delegado Federal Márcio Anselmo está esmiuçada com riqueza de detalhes poucas vezes vistas por este advogado no interrogat­ório que acaba de ser prestado pela cidadã”.

Ré por lavagem de dinheiro, ela entregou supostas mensagens em que Anselmo prometeu acertar sua ‘imunidade’ no âmbito das investigaç­ões em torno dos escândalos da Petrobras.

“Embora não tenha sido assinado, tínhamos um acordo 100% válido. Simples. Eu colaborari­a como colaborei em todas e quaisquer ações e eles não me denunciari­am. Era um acordo firmado, moral, enfim. E que foi cumprido por parte deles em 2014, 2015, 2016, e só foi quebrado esse acordo agora em 2017”, afirmou.

Meire disse ter sofrido risco de vida após uma orientação do delegado Márcio Anselmo. Segundo a contadora, o então integrante da forçataref­a da Lava Jato a orientou a não aceitar segurança oferecida pelo Ministério Público Federal. Ela relatou que seu escritório foi incendiado.

Mozza foi denunciada em outubro de 2016 e é ré por lavagem de dinheiro. Ela é acusada de emitir notas fiscais frias para empresas de Marcelo Simões com o fim de ocultar corrupção na Caixa Econômica envolvendo o ex-deputado federal André Vargas. Assim como fez em outras ações, ela admitiu ter emitido as notas e entregou os documentos aos investigad­ores.

Questionad­o sobre mensagens entregues pela defesa de Meire, o delegado que integrou a força-tarefa da Lava Jato sugeriu que o celular da contadora fosse periciado. “Acredito que ela deva apresentar o celular dela para extração e perícia para evitar montagem ou qualquer coisa do gênero. Mas eu me recordo que a gente chegou a falar sobre eventual situação processual dela, não sei se exatamente nesses termos”, disse.

Procurador­es da Procurador­ia da República no Paraná informam que não vão se manifestar.

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