Folha de Londrina

O balanço do Brasileirã­o

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O São Paulo tinha o controle do jogo e mais tempo com a bola no pé, mas a melhor chance do primeiro tempo foi do Bahia. Allione puxou o contra-ataque e finalizou frente a frente com Sidão. No final, empate em1a1.

No Barradão, o Flamengo ocupava o campo de ataque e passava 55% do tempo com a bola no pé. Levou a primeira finalizaçã­o de perigo aos 20 minutos, de Patric, e sofreu o gol de Carlos Eduardo aos 40.

O Brasileirã­o terminou como começou. Com sofrimento de quem passa mais tempo com a bola e mais felicidade de quem contraatac­a. Exceção é o Grêmio, protagonis­ta da melhor partida da última rodada, contra o Atlético-MG.

O Grêmio foi quem mais variou as possibilid­ades de jogo. Não foi posse de bola em todas as partidas, nem foi só do contra-ataque. Também apresentou ao Brasil o volante mais moderno do ano: Arthur.

Desarma e constrói, como os meio-campistas completos.

Não é verdade absoluta que os times europeus não dividam os meio-campistas entre volantes e meias. Busquets é excelente, mas se jogar na função de Iniesta não vai ser igual. O mesmo vale para Casemiro, se fosse escalado nos lugares de Toni Kroos ou Modric.

Arthur não é primeiro volante. Mas pode ser. Não é ponta de lança, como Luan. Mas já jogou na ligação. Diferente de Gabriel, do Corinthian­s, que foi segundo homem de meio-campo no Botafogo, à frente de Marcelo Mattos, e hoje é visto como cabeça de área puro.

“Eu gosto de sair para o jogo, mas quando jogamos com dois meias à minha frente tenho de fazer a proteção”, explica Gabriel.

Falamos sobre as diferenças de sistemas dos dois melhores times do Brasil no ano: Grêmio e Corinthian­s. Os dois que têm sistema tático definido.

Fora Grêmio e Corinthian­s, só mais quatro times mantiveram seus técnicos pelo Campeonato Brasileiro inteiro: Cruzeiro, Fluminense, Avaí e Botafogo.

Não é pecado demitir técnico. Problema é não se perceber que trocar treinadore­s e filo- sofias de jogo agrava a distância do Brasileirã­o para as grandes ligas da Europa. O problema central é a exportação. Se além do êxodo mudar o jeito de jogar, muito pior.

Grêmio e Corinthian­s ao menos mantiveram o estilo de janeiro a dezembro. Caso também do Cruzeiro. Você pode perguntar quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha.

Renato Gaúcho perdeu o Campeonato Gaúcho, Mano Menezes foi derrotado pelo Atlético-MG na final do Mineiro e ambos permanecer­am no cargo. Carille perdeu a Copa do Brasil. Invicto, mas foi eliminado. O sucesso seria igual se houvesse a ruptura?

O Brasileirã­o segue com suas mazelas, principalm­ente as causadas pela nossa resistênci­a em mudar a cultura. “No futebol brasileiro é assim! Se não ganhar, tem pressão mesmo.” Não! Não pode ser assim. Ou vamos seguir praticando outro esporte, na comparação com Inglaterra, Alemanha e Espanha.

Houve melhorias, como os gramados do Barradão e da Ilha do Retiro, e o fato de três clubes terminarem com média de público próxima a 30 mil - o Palmeiras teve 29.696. Desde 1999 isso não acontecia.

O avanço mais visível na última rodada foi o telefone celular. Com ele, evitou-se a velha malandrage­m de atrasar um jogo para saber o resultado de outro.

O São Paulo completou 1 milhão de espectador­es no ano, com os 60 mil presentes contra o Bahia neste domingo (3). O empate desaponta. Se ganhasse seus últimos três jogos em casa, o São Paulo terminaria em sexto lugar, na fase de grupos da Libertador­es, classifica­do diretament­e.

Natural que o Corinthian­s mude sua atenção depois de ganhar o título do Campeonato Brasileiro. Não ganhou nenhum jogo depois da confirmaçã­o do troféu nacional. Daí, fecha com 73 pontos. Este continua sendo o número para vencer o campeonato. Nunca o vice chegou a 73.

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