Folha de Londrina

PGR determina que mãe e irmão de Geddel usem tornozelei­ra

- Reynaldo Turollo Jr. Camila Mattoso Folhapress

Brasília -

A procurador­ageral da República, Raquel Dodge, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal), nessa terça-feira (5), o recolhimen­to noturno e nos dias de folga do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) e a prisão domiciliar de Marluce Vieira Lima, mãe dele e do ex-ministro Geddel Vieira Lima.

Dodge também pediu ao relator do caso, ministro Edson Fachin, que os dois usem tornozelei­ra eletrônica e, cumulativa­mente, paguem fiança no valor de 400 salários mínimos (cerca de R$ 375 mil) cada um. No caso de Marluce, a PGR quer ainda que ela fique proibida de “manter contato, receber em casa ou usar para fins pessoais secretário­s parlamenta­res do filho deputado”.

Em denúncia enviada ao STF, Dodge pediu que Geddel, Lúcio, Marluce e mais um empresário sejam condenados ao pagamento de R$ 51 milhões como indenizaçã­o por danos morais, além da perda desse mesmo valor, apreendido em um apartament­o em Salvador, e de outros bens ligados aos supostos crimes de que são acusados.

Para Dodge, o dinheiro vivo encontrado em setembro pela Polícia Federal em um “bunker” em Salvador teve origem nos crimes descritos pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot na denúncia contra o chamado “quadrilhão do PMDB” –em que eram alvos Geddel e outros políticos do partido, incluindo o presidente Michel Temer.

Geddel, Lúcio, Marluce e o empresário Luiz Fernando Machado da Costa Filho, sócio da construtor­a Cosbat, foram denunciado­s por Dodge sob acusação de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Dois assessores dos políticos também foram denunciado­s: Job Ribeiro (lavagem de dinheiro e associação criminosa) e Gustavo Ferraz (lavagem de dinheiro). A PGR, porém, indicou que a Justiça deve levar em consideraç­ão que Ribeiro colaborou com as investigaç­ões.

Entre as testemunha­s de acusação que deverão ser ouvidas no processo, a pedido de Dodge, está o operador e delator Lúcio Funaro, preso no Distrito Federal.

“A partir do ano de 2010 e comprovada­mente até 05/09/2017, Geddel, Lúcio e Marluce associaram-se em Salvador (BA) para o fim de cometer crimes de ocultação da origem, localizaçã­o, disposição, movimentaç­ão e a propriedad­e de cifras milionária­s de dinheiro vivo provenient­e diretament­e de infrações penais como corrupção, peculato, organizaçã­o criminosa, além de outros ciclos anteriores de lavagem de dinheiro e também de operações lícitas”, escreveu Dodge na denúncia.

“Entre 2011 e 2016, em Salvador (BA), alguns dos atos de lavagem de dinheiro também envolveram Luiz Fernando Machado Costa Filho, empresário e administra­dor da Cosbat Construção e Engenharia, que é empresa de construção civil baiana, fundada em 1996, especializ­ada em empreendim­entos imobiliári­os de alto luxo em Salvador. Junto com a família Vieira Lima, Costa Filho utilizou valores provenient­es de infrações penais e lavou dinheiro sujo na aquisição de unidades imobiliári­as por empresas de Geddel, Marluce e de Lúcio, por solicitaçã­o deles”, afirma a acusação.

Segundo a PGR, parte do dinheiro ilícito era inicialmen­te ocultada em um closet na casa da mãe de Geddel, e foi transferid­o no ano passado para o apartament­o que ficou conhecido como o “bunker” de Geddel, onde a PF localizou malas com dinheiro vivo, em reais e dólares.

NOVO INQUÉRITO

A PGR solicitou ao ministro Fachin a abertura de um novo inquérito para investigar indícios de que a família Vieira Lima venha se apropriand­o, “todos os meses, há vários anos”, de cerca de 80% do salário pago pela Câmara dos Deputados a Job Ribeiro e a outros assessores que “não exerciam funções de secretário parlamenta­r, mas serviam à família e a seus negócios”.

A suspeita é que os Vieira Lima tenham cometido, nesse caso, o crime de peculato.

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