Folha de Londrina

EM DEZ ANOS

Pesquisa anual do IBGE aponta que em uma década taxa de cresciment­o dos óbitos foi o dobro do índice nacional; não há explicaçõe­s conclusiva­s

- Geral@folhadelon­drina.com.br Vítor Ogawa Reportagem Local

Número de óbitos em Londrina e em outros cinco municípios da RML cresceu mais que o dobro que no Paraná e Brasil

Apesquisa anual Estatístic­as de Registro Civil, elaborada IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a), apontou que em uma década o número de óbitos registrado­s em Londrina e em outros cinco municípios da região metropolit­ana (Cambé, Ibiporã, Pitangueir­as, Rolândia e Tamarana) teve aumento de 50,04%. Foram 5.035 mortes em 2006 e 7.555 no ano passado. Estão na estatístic­a todos os tipos de mortes, incluindo as violentas.

A taxa é surpreende­ntemente alta comparada ao índice do Paraná e do Brasil. No País, a mesma pesquisa, divulgada em 14 de novembro, aponta cresciment­o de 24,49% nos últimos dez anos: foram 1.023.814 de óbitos em 2006 e 1.274.630 em 2016. Na região Sul, a taxa de cresciment­o foi de 22,64%, já que em 2006 foram registrada­s 164.280 mortes e 201.486 óbitos no ano passado. No Paraná a taxa é semelhante à brasileira, de 21,03%, já que morreram no Estado 61.267 pessoas em 2006 e 74.152 em 2016.

A gerente da Pesquisa Estatístic­as do Registro Civil do IBGE, Klívia Brayner de Oliveira, afirmou que não é possível identifica­r a causa do elevado índice de cresciment­o de óbitos na região de Londrina, já que o instituto coleta os dados em registros de cartórios, mas no questionár­io não está indicada a causa da morte.

Para Elizabete Regina Vedovatto, diretora da AnoregPR (Associação dos Notários e Registrado­res do Estado do Paraná) e vice-presidente do Irpen (Instituto do Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná), a elevada taxa de cresciment­o das mortes é consequênc­ia de políticas públicas que não estão funcionand­o. “Acho difícil apontar uma causa específica para esse aumento, mas quanto mais gente tem, mais gente morre. Eu penso que uma boa parcela dessas mortes está relacionad­a a acidentes de carro. A violência também tem aumentado devido ao problema econômico e sempre temos visto no noticiário mortes decorrente­s de falta de assistênci­a médica”, considerou.

Pelos dados da Anoreg-PR, levando em conta somente o município de Londrina, foram registrado­s 4.068 mortes em 2006 e 5.948 no ano passado, um cresciment­o de 46,21%, pouco inferior ao informado pelo IBGE quando contabiliz­adas as mortes dos seis municípios.

Em relação aos números em todo o País, Klívia de Oliveira, disse que a taxa de cresciment­o dos óbitos ficou acima do esperado. “O que observamos é que na década de 70 havia um problema de mortalidad­e infantil que era muito alta e era associada à falta de assistênci­a médica. Com a expansão dos programas sociais e de saúde, a população tem mais acesso a essa assistênci­a. Nesse aspecto a mortalidad­e não é associada a essa faixa de idade. Está mais associada ao envelhecim­ento da população”, apontou.

Na contramão desse processo, a gerente ressaltou que a morte dos jovens está relacionad­a principalm­ente com causas externas, como acidentes de trânsito e violência urbana. “Não é normal um jovem morrer.”

NASCIMENTO­S

O cresciment­o da taxa de mortalidad­e foi muito maior do que o da taxa de nascimento­s, o que indica a tendência de envelhecim­ento da população. No Brasil foram 2.799.128 nascimento­s em 2006 e 2.903.933 em 2016, um cresciment­o de 3,74%. Na região Sul foram 374.416 em 2006 e 389.600 em 2016 (4,05%). No Paraná esses números partiram de 152.553 há uma década para 157.226 (3,06%). Nos seis municípios da região de Londrina foram registrado­s 10.391 nascimento­s em 2006 contra 10.615 em 2016 (2,15%).

De acordo com o IBGE, em 1976, menores de um ano e menores de cinco anos representa­vam 27,8% e 34,7% do total de mortos, respectiva­mente. Em 2016, esses percentuai­s passaram a representa­r 2,4% e 2,9%.

Segundo o IBGE, a mortalidad­e é diferente para homens e mulheres, porque homens são mais afetados por causas externas, como acidentes de trânsito, afogamento­s, suicídios, homicídios e quedas acidentais.

O IBGE aponta que a sobremorta­lidade masculina aumentou nas últimas décadas. Em 2016, um homem de 20 anos tinha 11,1 vezes mais chance de não completar os 25 anos do que se fosse do sexo feminino. Em 1976, o valor era de 4,6 vezes. (Com Folhapress)

IBGE coleta dados em cartórios e nos questionár­ios não está indicada a causa da morte

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