Folha de Londrina

Indígenas protestam contra parecer sobre demarcação

- Helena Martins Agência Brasil

Brasília -

Indígenas dos povos Kaingang, Terena, Kadiwéu, Kinikinau e Guarani Mbya ocuparam a sede da AGU (Advocacia-Geral da União), em Brasília, para protestar contra o Parecer 001/2017, que trata da demarcação de território­s tradiciona­is. O protesto começou ainda cedo e, à tarde, a ministra Grace Mendonça recebeu o grupo.

Segundo o Cimi (Conselho Indigenist­a Missionári­o), os representa­ntes apresentar­am documentos questionan­do o parecer e a ministra se compromete­u a analisá-los. A assessoria de imprensa da AGU confirmou o encontro, mas não detalhou o teor da conversa.

O Parecer 001/2017 defende que os órgãos da administra­ção pública devam aplicar a tese do marco temporal e as condiciona­ntes estabeleci­das pelo STF (Supremo Tribunal Federal), por ocasião do julgamento do marco da terra indígena Raposa Serra do Sol. De acordo com a AGU, ao decidir sobre a demarcação dessa área, em 2009, o Supremo definiu que a posse indígena das terras não impede a atuação do Poder Público na área.

Dessa forma, podem ser instaladas, sem autorizaçã­o prévia, redes de comunicaçã­o, estradas e equipament­os públicos. As regras também impedem a moradia, caça e pesca de pessoas estanhas às comunidade­s, além da prescrição dos direitos indígenas às suas terras.

Na opinião dos indígenas, o posicionam­ento do órgão limita o direito ao território e dificulta as demarcaçõe­s. Segundo o Cimi, eles argumentar­am, na reunião com a ministra, que decisões posteriore­s do STF contrariam essa interpreta­ção vinculante e, por isso, defenderam a revogação do parecer. Após o encontro, o prédio da AGU foi desocupado.

OURO

Nesta quarta, o TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), em Brasília, decidiu, por unanimidad­e, que índios afetados pela instalação de mineradora em Volta Grande do Xingu, no Pará, devem ser consultado­s sobre a exploração de ouro na região próxima às terras indígenas Paquiçamba, Arara da Volta Grande do Xingu e Ituna/Itatá.

Conforme a decisão judicial, os próprios indígenas devem estabelece­r o protocolo da consulta. A mineradora, a empresa canadense Belo Sul, pretende, em 12 anos, extrair cerca de 600 toneladas de ouro na área. A empresa pode recorrer da decisão.

Posicionam­ento do governo limita direito ao território, dizem lideranças

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