Londrina apresenta melhora em índice de vulnerabilidade
A pesquisa do Fórum Nacional de Segurança Pública analisou, ainda, dados de 304 municípios com mais de 100 mil habitantes. Londrina foi classificada com média-baixa vulnerabilidade e está entre as dez cidades que apresentaram melhora acentuada nos indicadores. Em linhas gerais, o índice caiu de 0,4 (em 2012) para 0,3 (em 2015). Quanto mais próximo ao número 1, maior é a vulnerabilidade. Cascavel e São José dos Pinhais também fazem parte do ranking dos dez municípios que apresentaram melhora.
Mesmo com a melhora nos indicadores gerais de Londrina e os dados referentes ao Paraná, o professor e pesquisador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Cláudio Galdino, destacou que a desigualdade entre brancos e negros exige atenção do poder público. Mestre em Ciências Sociais, Galdino afirmou que a possibilidade de um negro ser assassinado em Londrina é 60% maior do que um branco.
Entre os fatores considerados por ele estão a baixa escolaridade, a faixa etária e a localização dos bairros habitados pelas vítimas. “As políticas públicas, de modo geral, são direcionadas para algumas regiões das cidades como a região central. Se nós analisarmos bairros carentes como o Jardim União da Vitória (zona sul), o Residencial Vista Bela (zona norte) e o Jardim Olímpico (zona oeste), por exemplo, vamos ver uma ausência do Estado. São bairros esquecidos de maneira geral”, comentou.
Para a pesquisa de conclusão do mestrado, o professor analisou dados relacionados à vulnerabilidade em Londrina considerando informações repassadas pelo IML (Instituto Médico-Legal de Londrina) e pelos Cras (Centro de Referência de Assistência Social). Entre 2005 e 2014, houve 738 mortes violentas de pessoas consideradas brancas e 475 referentes a negros. Porém, o professor lembrou que muitos não se autodeclararam negros.
“O racismo ainda é presente em Londrina e no Paraná. O negro apresenta maior vulnerabilidade social e quando é morto, de uma forma geral, a sociedade não se comove e logo imagina que a vítima está envolvida na criminalidade. A morte de um jovem pobre e negro é quase validada como uma limpeza mesmo. Por outro lado, se a morte ocorre na área central há uma comoção da sociedade”, afirmou. A redução na desigualdade entre brancos e negros, segundo Galdino, passa por investimentos e melhorias na educação e pela implantação de políticas públicas mais efetivas.