Mãos dadas com o crescimento
Ramo agropecuário deve fechar 2017 com R$ 58,6 bilhões de faturamento, o que corresponde a 83% da receita de todas as cooperativas do Paraná
As cooperativas agropecuárias paranaenses devem fechar 2017 com faturamento de R$ 58,6 bilhões, ou 83% dos R$ 70,6 bilhões de todos as 220 organizações do tipo no Estado, conforme divulgado na última sexta-feira, 8, pela Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná). No geral, a expectativa é de aumento de 1,9% em relação aos R$ 69,3 bilhões de 2016, com tendência de mesma variação para as cooperativas agrícolas. Isso porque os preços caíram bastante em um cenário de alta oferta e demanda interna em queda.
Há variáveis de acordo com o tipo de atividade. As cooperativas de recebimento de grãos contaram neste ano com grandes volumes e faturamentos equivalentes aos do ano passado, principalmente pela baixa na cotação do milho. Por outro lado, os granjeiros contaram com custo de produção mais baixo e aumento da demanda nas exportações, o que fez com que deixassem as margens no vermelho de 2016 para um ciclo com boa receita.
De qualquer maneira, o avanço das cooperativas fechará 2017 abaixo da média histórica de dois dígitos. “O índice de crescimento deve ser inferior à média dos últimos anos em razão da recessão econômica, que teve reflexos no consumo das famílias, e pela demora na comercialização dos grãos, em função da redução dos preços da produção. Apesar disso, os resultados líquidos devem ser superiores a R$ 2 bilhões, próximo da média verificada nos últimos cinco anos”, disse o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, no Encontro Estadual de Cooperativistas Paranaenses, em Curitiba, na sexta.
Ele destacou que a abertura de novos mercados e o aumento da agroindustrialização, da otimização de estruturas e do processo de integração no cooperativismo têm fortalecido o setor. Tanto que as 220 cooperativas paranaenses ganharam 84 mil novos sócios, dos quais 76 mil no ramo de crédito e 7 mil produtores rurais. No total, já são 1,5 milhão de cooperados no Paraná.
O gerente técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra, afirmou que a redução das cotações das commodities foi o fator decisivo para o resultado menor do que a média histórica. “O preço da saca do milho chegou a R$ 50 em 2016, em algumas regiões do Paraná, e caiu para R$ 20 neste ano”, disse.
Sem os problemas climáticos de outrora, a maior produção de grãos também fez com que os agricultores retivessem estoques maiores para vendas somente no próximo ano, principalmente de milho. “A primeira safra deve ser uma das menores dos últimos 50 anos e estamos, sim, preocupados com a nossa capacidade de armazenamento, que tem volumes acima da média”, afirmou Turra, que fez o adendo de que o maior volume do grão entrará no mercado somente no segundo semestre.
Nesse cenário, a londrinense Integrada Cooperativa Agroindustrial projeta repetir o faturamento de 2016, que foi de R$ 2,7 bilhões. No entanto, o recebimento de soja, milho e café foi recorde em 2017, com 2,3 milhões de toneladas, ou 20% a mais do que no ciclo anterior, explicou o presidente da Integrada, Jorge Hashimoto. “Mesmo que nossas indústrias tenham trabalhado com um volume maior também, os preços dos produtos não acompanharam porque a crise econômica nacional também chegou ao setor agropecuário”, disse.
Hashimoto contabilizou ao menos 5% a mais em grãos estocados para venda no próximo ano do que em safras anteriores, o que deve gerar uma receita residual para 2018.
EXPORTACÕES
O melhor indicador das cooperativas no ano foram as exportações, que cresceram 28,1%, de R$ 2 bilhões para R$ 2,6 bilhões. É a carne de frango que puxa para cima os resultados, com o Paraná como maior produtor do País. Sem dados divididos por cooperativas ainda, é possível ter uma ideia do avanço pelos números nacionais. O saldo nacional acumulado nos 11 primeiros meses do ano foi de US$ 6,7 bilhões, alta de 7% na comparação com o mesmo período de 2016, de acordo com a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).