Por que obras de arte valem tanto?
Você acha possível que uma obra de arte valha quase 500 milhões de dólares? Há quem pense que sim e ofereceu, há poucos dias, na casa de leilões Christie’s, 450 milhões de dólares pela obra Salvator Mundi – uma pintura de 600 anos, supostamente criada por Leonardo da Vinci.
Este valor estratosférico transformou um retrato de 66 cm na obra de arte mais cara da história, superando todos os recordes anteriores – Picasso: US$ 180 milhões e Gauguin: US$ 300 milhões.
Talvez, mais notável que a enorme quantia paga pelo que a Christie’s chamou de “O Último ‘da Vinci’” seja o dinheiro que deram pelo mesmo retrato em 1958, antes de ser atribuído ao grande Leonardo. Na época, sessenta dólares, e as pessoas que o viram ficaram muito pouco impressionadas com seus méritos artísticos. Já, em 2005, ele foi novamente oferecido em outro leilão e um comprador viu-se tentado a pagar US$ 10 mil.
Grande número de críticos de arte considera que, mesmo sendo uma pintura de Leonardo da Vinci – fato ainda em discussão –, certamente, ela não é uma obra-prima. Então, por que alguém pagaria quase quinhentos milhões de dólares por ela?
Mesmo o maior milionário do planeta deve sentir alguma satisfação em gastar uma incrível fortuna numa peça artística, mas isso não se explica pela simples experiência de vê-la pendurada numa parede. Deve haver uma razão mais importante.
Sim, existe. E eu direi que razão é esta.
O valor de uma arte tem pouca relação com seus atributos estéticos. Na verdade, quase nenhuma. E posso provar.
Em 2011, Pierre Lagrange, um empresário belga, descobriu que uma suposta pintura de Jackson Pollock pela qual ele havia pago US$ 17 milhões continha uma tinta que não era comercializada na época em que Pollock viveu. Logo em seguida, vários outros compradores da mesma galeria descobriram que obras multimilionárias atribuídas a mestres como Mark Rothko, Jackson Pollock e Willem de Kooning eram falsas. Uma artista chinesa, de 73 anos, é quem estava por trás da artimanha. Seu nome: Pei Shen Qian. Ela replicava obras originais na garagem de sua casa, no Queens, em Nova York.
A revelação, é claro, derrubou vertiginosamente todo o valor daqueles quadros, ainda que não tenha mudado em nada sua aparência. Antes, cada vez que os compradores os viam, eles contemplavam as pinturas com fabulosa admiração. No entanto, agora seu valor declinou desde o exato momento em que conheceram o nome de seu verdadeiro autor.
Imagino que por anos a fio Pierre Lagrange foi um homem feliz e realizado com sua aquisição. Ele tinha na parede uma pintura que o surpreendia por sua beleza e qualidade artística. Mas tão logo soube não tratar-se de um autêntico Jackson Pollock, ele viu-se irritado e miserável.
Em tudo, nesta vida, mais importante do que aquilo que vemos é a crença que temos sobre quem é seu verdadeiro criador.
Olhe para o mundo à sua volta. Você e eu estamos cercados por um universo de beleza infinita. Uma frase do livro dos Salmos de David diz: “Oh, Deus! Com sabedoria você criou tudo. A Terra está cheia das Suas riquezas”.
O que acontece com tantas pessoas que não dão valor algum a todo esse espetáculo ao alcance de qualquer ser humano? A resposta foi-nos dada por Henry Thoreau, poeta e filósofo americano: “O céu está tão sob os nossos pés quanto acima das nossas cabeças”. Ele quis expressar que o céu nos rodeia somente quando acreditamos no céu superior.
Para valorizar realmente a criação, necessitamos reconhecer a verdade de um Criador. Se para nós a vida resultou de uma evolução desprovida de Deus, o mundo está reduzido a uma obra de arte anônima ou falsificada, tão pouco valiosa quanto um quadro falso de Leonardo da Vinci ou Jackson Pollock.
Conheço o verso de um poema que diz: “O mundo tem música para aqueles que a escutam”. Eu concordo. É possível apreciar a beleza do universo. No entanto, a capacidade de maravilhar-se com isso é função exclusiva do quanto se pode ouvir os acordes da verdadeira autoria de Seu Criador.
Para valorizar realmente a criação, necessitamos reconhecer a verdade de um Criador”