Folha de Londrina

Lá como aqui

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O círculo de proteção dos governos do Paraná e São Paulo é semelhante. Lá, da mesma forma que aqui, há indicações suficiente­s para Comissões Parlamenta­res de Inquérito e elas jamais prosperam em função das dimensões da oposição. Aqui, são necessária­s 18 assinatura­s para uma convocação e mesmo unindo a oposição e os tidos como “independen­tes” chega-se a um máximo de 13 e a sinalizaçã­o se dispersa, ainda que haja alarido com discursos veementes sobre níveis de comprometi­mento na ação da gangue da Receita Estadual ou dos atletas dos desvios nas construçõe­s escolares da Quadro Negro, na qual o operador Maurício Fanini tinha tal intimidade com Beto Richa que com ele viajou, esposas junto, ao exterior.

O situacioni­smo em São Paulo e aqui é de uma fidelidade canina ao governo e alega que o fato de Ministério Público e polícia apurarem os fatos não haveria bloqueios às investigaç­ões tanto que na Publicano, primeira instância, o líder da quadrilha Marcio Albuquerqu­e Lima, amigo de Richa em desfrutes automobilí­sticos, flagrados em vídeo, foi condenado a mais de 90 anos de prisão.

Em São Paulo, tenta-se, há muito tempo, investigar chunchos dos trens e metrôs, ora reanimados com os acordos de leniência das empreiteir­as que assumiram a montagem de cartel, mas tudo é barrado com extrema facilidade: o regimento exige 32 assinatura­s e mal se consegue, e isso com extremo esforço, 18, das quais 15 do PT, 2 do Psol e uma do PCdoB, um quadro enfim parecidíss­imo, aritmetica­mente, com o nosso.

Assim, tanto nós como eles, para que as investigaç­ões andem, dependemos de ações externas e de estocadas eventuais do Ministério Público ou de alarido das partes como cooperativ­as no caso também frustrado do escândalo da merenda escolar na Pauliceia. Mas tanto Beto Richa como Alckmin estão sob investigaç­ão na instância superior, embora casos do PSDB não tenham a frequência dos demais partidos como PP, PSD, PMDB (tira o “p” urgente para renová-lo e lançá-lo no fisiologis­mo de ofício e tradição) e o PT. Que o cerco punitivo é seletivo não dá para contestar.

Geraldo Alckmin leva alguma vantagem por seu tipo reservado e distante da desfrutabi­lidade do nosso governador com as bandeiras que oferece de comprometi­mento. Mas se Richa fosse candidato presidenci­al e tivesse a imagem das suas relações em vídeo como as disponívei­s divulgadas, estaria certamente liquidado, o que talvez não ocorra no pleito majoritári­o do Senado até pela precarieda­de de tempo dos partidos oposicioni­stas na campanha televisiva. Iluminará, por certo, a pauta das redes sociais tão somente.

Dispersão

Sugere-se, por vezes, que o governo federal estaria em bloco monolítico com Michel Temer e as reformas. Cada vez, porém, fica mais nítida a existência dessas fissuras e a mais recente se deu em Canindé, interior cearense, num ato organizado pelo Planalto, alusivo ao lançamento de 22.500 unidade do “Minha Casa, Minha Vida” em que o presidente do Senado, Eunício Oliveira, exaltou Luiz Inácio Lula da Silva, ´´um nordestino comprometi­do com sua gente, a quem devemos a transposiç­ão do rio São Francisco”. Em nenhum momento, o orador citou o seu correligio­nário e presidente Michel Temer. Como se vê, as aparências do cenário mais evidente de Brasília mostram que a base aliada tem muito a aprender com Richa e Alckmin. É visível que a sinalizaçã­o de Eunício de Oliveira é de aberta hostilidad­e e provocação.

Não é a única quebra de unidade interna já que a pregação do ministro da Fazenda,,Henrique Meirelles, expressa anteontem na programaçã­o político-eleitoral, indica que o proselitis­mo como candidato presidenci­al, hipótese remota, parece mais relevante do que a reforma tão obsessivam­ente referida da previdênci­a.

Praias

Saiu o primeiro boletim de balneabili­dade das praias e outros pontos litorâneos: dos 49 analisados, há 18 pelo menos comprometi­dos de forma grave e 10 permanente dentre eles a Ponta da Pita em Antonina, o rio Nhundiaqua­ra em Porto de Cima e ainda o rio Marumbi . Há mais rigor no Paraná do que em Santa Catarina nesses avaliações, onde praias de Canto Grande estão interditad­as para sempre, tal o grau de poluição. O contato com essas áreas comprometi­das provoca dermatoses sérias.

Pergunta-se: e a coleta e tratamento de esgotos como fica? Estática, não anda ou tudo está como sempre?

Cena humana

Em meio a tanta notícia ruim, o caso de uma gestante na Sete de Setembro, ontem à tarde, que entrou numa loja de embalagens em trabalho de parte e atendida por funcionári­os deu a luz ali mesmo. Depois veio o Samu para levá-la a um hospital. Uma embalagem de luz.

Vereadores

Balanço da Câmara Municipal de Curitiba: 619 projetos de lei apresentad­os, 157 aprovados.

Ambiente

Ministério Público quer a criação nos municípios de áreas de controle de agrotóxico­s que chamam de “proteção verde”. Mais urgente é fazer algo contra os lixões.

Folclore

Alceu Chichorro, o chargista, faz graceja com uma senhorita na rua XV e ela, brava, reage forte chamando-o de “cachorro” e ele corrige: “Cachorro, não, Chichorro”. Em Paranaguá, ele vai a um evento e uma senhora explica que as moças da cidade são retraídas, muito acanhadas. Ele replica:” Acanhadas com “c” cedilha!”.

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