Natal para encantar os olhos e ouvidos
Musicista e cineasta contam histórias sobre as músicas e filmes realizados para a data em que se comemora o nascimento de Jesus
Amúsica “Então é Natal”, eternizada na voz da cantora Simone e que compõe o disco gravado em 1995 inteiramente com canções natalinas, divide opiniões e preferências. Mas chega nessa época do ano, impossível não lembrar da canção que bate recordes de execução em estabelecimentos comerciais e rádios de todo país. Ainda que exista resistência até hoje, depois dela, muitos intérpretes brasileiros de peso também investiram em álbuns com a temática, trazendo novas versões de composições conhecidas. Além dos populares, o gênero erudito também se destaca e é possível encontrar várias obras de compositores clássicos compostas especificamente para a data.
A musicista Hylea Ferraz, coordenadora de grupos musicais na cidade, comenta que, no fim do ano, o repertório natalino é o mais requisitado. E, atualmente, as composições possuem um perfil totalmente distinto entre si. “Hoje, temos música de Natal em ritmo de choro, jazz, samba e, com certeza, se procurarmos, rap e outros. O tema acaba ficando mesmo na letra. Há, inclusive, muita encomenda de novas músicas”. Por isso, ainda que o Natal esteja ligado diretamente com o nascimento de Jesus Cristo, o conteúdo das letras, nem sempre é religioso. “Existem músicas que possuem um marketing muito forte no comércio e na figura do Papai Noel, como os jingles”.
Dentre os sucessos que não podem ficar de fora de uma boa trilha sonora, ela destaca “Peace on Earth/Little Drummer Boy”, uma canção de Natal gravada por David Bowie e Bing Crosby em 1977 para o especial de Natal “Bing Crosby’s Merrie Olde Christmas”. Na cena, antes de cantar a faixa, a dupla conversa sobre o que fariam no Natal com suas famílias. “O single é um dos mais vendidos da carreira de Bowie. A canção se tornou um clássico de Natal nos Estados Unidos e no Reino Unido e foi considerada como um dos mais bemsucedidos na história da música natalina”, pontua.
A musicista comenta que outra música que possui uma história marcante é “O Holy Night” (em francês “Minuit Chretiens!” Ou “Cantique de Noël” ). “O texto reflete sobre o nascimento de Jesus e sobre a redenção da humanidade”. A letra original é da autoria do poeta francês Placide Cappeau de Roquemaure, em 1847, que pediu ao seu amigo Adolphe- Charles Adam para compôr a música. “Anos mais tarde, Roquemaure tornou-se comunista e a Igreja Católica descobriu que Adam era judeu. Assim, a canção foi ostracizada pela Igreja e caiu no esquecimento cultural na Europa, renascendo dos Estados Unidos como sendo genuinamente americana”.
Além destas, Hylea lembra de “Oratório de Natal op 12”, que Saint Saens (1835-1921) escreveu aos 23 anos para cinco vozes solistas, coro, órgão, harpa e orquestra. “Essa obra possui dez partes, incluindo a famosa “Benedictus” (duo para soprano e barítono), outra para para mezzo, tenor e barítono, e, ainda, a parte “Tollite Hostias”, uma das mais cantadas por coros mistos”, diz, acrescentando outras obras para a noite de Natal como “The Holy City”, “Gesu Bambino”, “Adeste Fideles”, “Tu secendi dalle stelle”, “Have yourself a merry little Christmas, “O little town of Betlehem”, “Nasce uma Rosa” e “Ó vinde, crianças”.