Criatividade sem limite
OBrasil é de fato um País criativo. Na edição dessa segunda-feira (26), o jornal “Folha de S.Paulo” noticiou que a Polícia Federal vê indícios de “caixa 3” em campanhas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEMRJ). Pelo visto, para manter os grandes esquemas de corrupção envolvendo a iniciativa privada e o poder público não basta o “caixa 2”.
A expressão “caixa 3” não é de todo nova. Em junho deste ano, o ministro Herman Benjamin, do TSE, já a havia utilizado em seu voto no processo de cassação da chapa DilmaTemer. Trata-se de uma espécie de barriga de aluguel usada por uma empresa, a pedido de outra, para beneficiar um político.
No caso, foram alugadas as barrigas da Praiamar e da Leyroz, empresas que fazem distribuição de bebidas para a Cervejaria Petrópolis. O dinheiro vinha da empreiteira Odebrecht.
Quem desnudou o esquema foi o dono da cervejaria, Walter Faria, em depoimento à PF. Ele diz ter sido procurado por BJ, Benedicto Júnior, executivo da Odebrecht. A empreiteira precisava doar recursos ao político, mas não queria aparecer como doadora. Faria também não queria ter sua assinatura no negócio. Já o dono das distribuidoras, Roberto Fontes Lopes, ao contrário dos outros dois, fazia questão de aparecer.
A “doação” era creditada às empresas de Lopes, mas os valores eram descontados dos pagamentos que ela tinha de fazer para a Petrópolis pelo fornecimento das bebidas. Já a Petrópolis, por sua vez, descontava das obras que a Odebrecht fazia para ela.
É por essas e outras que o Brasil patina ou retrocede nos rankings de honestidade. No último levantamento divulgado pela Transparência Internacional, divulgado no início deste ano, o País caiu três posições, ficando no 79º lugar, empatado com Bielorrússia e dois outros Brics, China e Índia. A lista leva em conta a percepção que a população tem sobre a corrupção. Quanto mais perto do primeiro lugar, maior a percepção das pessoas em relação à ética na política.
Que, no próximo ano, quando formos às urnas, saibamos fazer as melhores escolhas. E que nossa criatividade e originalidade sejam usadas a favor do País.