Folha de Londrina

Campanha Parto Adequado terá adesão de 136 maternidad­es

- Alana Gandra Agência Brasil

Brasília - Com 136 maternidad­es participan­tes, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementa­r) inicia em janeiro a segunda etapa da campanha Parto Adequado. A meta é reduzir o número de cesarianas desnecessá­rias, ou seja, que não tenham indicação clínica e sejam feitas apenas por conveniênc­ia das partes envolvidas, podendo, inclusive, causar prejuízos à saúde do bebê. Em 2016, 35 maternidad­es fizeram parte da primeira fase da campanha.

O projeto é desenvolvi­do em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvemen­t. Sessenta e oito operadoras de planos de saúde manifestar­am interesse em apoiar o projeto. Segundo o diretor de Desenvolvi­mento Setorial da ANS, Rodrigo Aguiar, no período de festas de fim de ano, o problema das cesarianas desnecessá­rias agrava-se um pouco. “Por conta das festas, a tendência é haver uma antecipaçã­o da data do parto, e o agendament­o em períodos que variam entre uma a duas semanas da data adequada para que o parto fosse realizado.”

Aguiar disse que a antecipaçã­o do parto pode causar consequênc­ias negativas pa- ra a saúde da mãe e, principalm­ente, do bebê. Entre os problemas mais frequentes, ele destacou as complicaçõ­es respiratór­ias, consideran­do que o recém-nascido não está com o sistema respiratór­io amadurecid­o o suficiente para lidar com o mundo exterior. Por causa disso, aumenta a incidência de internaçõe­s em UTI (unidade de terapia intensiva) neonatais, o que afasta o bebê da mãe nos primeiros dias de vida. “Só essas duas consequênc­ias já são suficiente­s para a gente desincenti­var essa prática”, disse.

Quando o parto ocorre de forma natural, há uma série de benefícios para o bebê. Além da relação mais aproximada que já se estabelece com a mãe, Aguiar ressaltou que existe uma indução muito maior ao aleitament­o materno. “A mãe produz melhor o leite, e o bebê recebe, aceita e absorve melhor aquele leite”.

A criança nascida de parto normal consegue também se preparar melhor para se adaptar ao mundo externo, com maior amadurecim­ento do pulmão e contato com as bactérias benéficas da mãe, reduzindo a incidência de doenças infantis, acrescento­u o diretor da ANS. Ele lembrou que há ainda uma recuperaçã­o mais rápida do útero e do corpo da mulher.

DADOS

Na primeira fase da campanha, denominada fase “piloto”, os hospitais participan­tes conseguira­m evitar a realização de 10 mil cesarianas desnecessá­rias. O número de partos normais cresceu 76%, ou o equivalent­e a 16 pontos percentuai­s, passando de 21%, em 2014, para 37%, em 2016.

Ocorreram avanços também em outros indicadore­s de saúde, disse Aguiar. Ele citou a redução do número de entradas em UTI neonatal em 14 dos 35 hospitais que participar­am da campanha – as internaçõe­s as passaram de 86 por mil nascidos vivos para 69 por mil nascidos vivos. Com a adesão de mais maternidad­es ao projeto, Aguiar espera “resultados bem mais significat­ivos” na segunda fase.

Meta é reduzir o número de cesarianas desnecessá­rias, sem indicação clínica

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