Folha de Londrina

PRÉ-CANDIDATA

Pré-candidata ao governo em 2018, vice-governador­a se apresenta como defensora do legado de Beto Richa; “É o nosso líder”, resume

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local

Cida Borghetti vê apoios do marido Ricardo Barros e do governador Beto Richa como diferencia­is na disputa pelo governo

Curitiba - Menos experiente, ao menos em eleições majoritári­as, que os demais précandida­tos já “lançados” na disputa, a vice-governador­a do Paraná, Cida Borghetti (PP), vê os apoios do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), seu marido, e do governador Beto Richa (PSDB) como diferencia­is na corrida ao Palácio Iguaçu. A pepista deve assumir o lugar do tucano a partir de abril, aos 53 anos, quando é esperado que ele se desincompa­tibilize, para concorrer ao Senado. Com isso, terá seis meses para convencer o eleitor paranaense de que merece ser a primeira mulher eleita para a chefia do Executivo Estadual.

Cida conversou com a reportagem da FOLHA em seu gabinete no Palácio, em Curitiba, pouco depois de participar de dois eventos na última semana. Empresária, é formada em Administra­ção de Empresas e especialis­ta em Políticas Públicas. Já foi deputada estadual por dois mandatos (2003 a 2011) e deputada federal (2011 a 2015). É também mãe da deputada estadual Maria Victoria (PP), quarta colocada na disputa da Prefeitura de Curitiba em 2016, com 5,66% dos votos, e membro das base aliada ao governador na Assembleia Legislativ­a (AL).

A senhora assume o governo em abril de 2018? Tem conversado com o governador a respeito?

Cida - A expectativ­a é muito positiva; essa possibilid­ade é muito real. É uma decisão pessoal dele [governador], temos que respeitar, mas ele colocando seu nome para disputar uma das duas vagas ao Senado da República no próximo ano será uma honra para mim assumir o governo do Estado como a primeira mulher da história do Paraná. Tenho aí nove meses à frente do governo [seis deles antes das eleições] e me sinto bastante honrada se tudo isso vier a acontecer e se concretiza­r.

Existe alguma hipótese de isso não acontecer e da senhora não manter essa précandida­tura ao governo?

Olha, independen­temente do que o governador decidir, se ele continuar estaremos junto ao seu lado até o último dia, e eu posso disputar a eleição da mesma forma. Então, os dois cenários nós já traçamos, esse caminho. Obviamente, existe uma construção diferente – eu assumindo o governo em abril ou acompanhan­do o governador até o dia 31 de dezembro de 2018.

Qual a importânci­a do apoio do governador para a sua candidatur­a?

O Paraná é hoje um Estado diferencia­do da nação brasileira, haja vista a crise que já começou dando sinais alguns anos atrás, se agravou nos últimos dois ou três, uma crise nacional, mas o governador com sua visão, engenheiro, cartesiano, com uma equipe muito qualificad­a, identifico­u rapidament­e os problemas que o Brasil e, portanto, todos os Estados enfrentari­am, fez o ajuste fiscal na hora certa, com apoio dos nos- sos deputados estaduais, o que possibilit­a ao Paraná ser esse Estado diferencia­do. É um canteiro de obras; todos os dias inaugurand­o obras. O Porto de Paranaguá é um exemplo para o Brasil e as nossas companhias de água, luz, habitação e gás são muito organizada­s e já estabeleci­das. O governador é o nosso líder e o apoio dele realmente é muito importante.

Que tipo de aliança a senhora vai buscar?

Espero contar com a aliança que elegeu o governador na sua primeira eleição, em 2010, com o meu partido firme, desde o começo, apoiando, inclusive desde 2002 acompanha o governador Beto Richa em suas decisões. Em 2002, ele disputou a sua primeira eleição para o governo, depois se candidatou à prefeitura [de Curitiba], e o partido esteve ao seu lado. Essa aliança, que possibilit­ou todas as vitórias ao governador, eu entendo que seria de muito importânci­a tê-los também na nossa coligação em 2018.

O governador enfrentou um período de impopulari­dade, principalm­ente a partir dos episódios de 29 de abril de 2015 e com a crise econômica se acentuando. Isso de certa forma atrapalha?

O líder tem que fazer uma opção. Nem sempre se governa com medidas populares. Muitas vezes é preciso fazer ajustes, tomar decisões que não agradam a todos. Porém, o resultado dessa medida específica... Hoje a visão dos paranaense­s já é diferente; a visão do governo, da gestão eficiente. Mas o líder tem que tomar decisões.

E foi uma decisão acertada?

Foi uma decisão acertada. Os números estão aí e provam, as obras, é visível, rodovias, saneamento, habitação... Em todas as áreas são inúmeras as benfeitori­as.

Quais os principais desafios da próxima gestão?

O Paraná está caminhando numa linha positiva, nessa gestão do governador, uma gestão eficiente. Porém, há muito ainda o que ser ampliado – muitos programas. Ampliação das políticas sociais e da política econômica são desafios importante­s.

Qual deve ser a participaç­ão do ministro Ricardo Barros na campanha e num eventual governo?

O ministro Ricardo Barros hoje é um líder nacional, reconhecid­o pela eficiente gestão à frente do Ministério da Saúde, que possibilit­ou aí em um ano R$ 4 bilhões de economia para reinvestir dentro do sistema de saúde, benefician­do a população brasileira. A sua capacidade de trabalho, capacidade técnica, sua visão futurista... O deputado Ricardo Barros, nosso ministro, é talvez das pessoas mais qualificad­as do Congresso Nacional e que mais entende do orçamento público. Foi relator do orçamento de 2016. Conhece a máquina pública, conhece a gestão. Entendo que a participaç­ão dele e de tantos outros líderes paranaense­s é de suma importânci­a.

Ele foi vice-líder do governo Dilma Rousseff (PT ) e hoje é ministro do governo Michel Temer (PMDB)...

Foi vice-líder ou líder no Congresso Nacional do presidente Fernando Henrique (PSDB), do presidente Lula (PT) e da presidente Dilma (PT)...

Exatamente. Essa é a forma que a senhora acredita que se faz política, com tantas alianças, independen­temente de partido?

Acredito muito na capacidade operaciona­l das pessoas. E o deputado federal Ricardo Barros comprovou a sua experiênci­a como prefeito de Maringá, em todos os mandatos como deputado federal, foi secretário do governador Beto Richa, de Indústria e Comércio, aliás, o secretário que idealizou o programa reconhecid­o nacionalme­nte como o melhor de captação e investimen­tos, que é o Paraná Competitiv­o. Então, olha a visão do nosso Ricardo; é um homem de visão extraordin­ária, que conhece todos os temas. Veja a capacidade de argumentaç­ão, de visão e de liderança que ele exerce no Congresso.

Sobre as alianças que a senhora citou, algumas já estão definidas?

Várias.

Quais?

Aí, é surpresa.

A senhora já foi citada na Operação Quadro Negro. O delator da construtor­a Valor afirmou que Barros participou de uma “venda” de um cargo lotado no seu gabinete. Como vê essa denúncia?

Primeiro que não é real. Segundo, eu estou bastante tranquila quanto a esse assunto. Não houve nenhuma troca de favor ou de cargo, mesmo porque a pessoa citada é funcionári­a de carreira. Como se troca um cargo com uma funcionári­a de carreira? Não existe isso.

Consideran­do que sua campanha será de defesa da administra­ção Beto Richa, as notícias relacionad­as às operações Quadro Negro e Publicano de alguma forma incomodam?

Eu não tenho nenhum envolvimen­to com essas operações e estou bem tranquila.

Em relação a um eventual governo, quais seriam as suas prioridade­s?

São várias bandeiras que carrego ao longo de toda minha trajetória política. Defendo a primeira infância como talvez a bandeira mais importante, porque precisamos realmente preparar novas gerações para o futuro, e preparar as crianças para o futuro passa pela primeira infância. Para que o investimen­to maciço em educação, saúde, ação social, direitos humanos nos primeiros anos de vida da criança a possibilit­e ser um adolescent­e ou jovem muito mais qualificad­o e preparado para o mercado de trabalho... Fui presidente da comissão que aprovou o marco da primeira infância. Vamos buscar o que tiver de melhor para trazer ao Paraná.

O que a senhora diria sobre os outros pré-candidatos, como o Osmar Dias e o Ratinho Junior?

Eu fui colega deputada do Ratinho, foi nosso colaborado­r no governo e tenho bom relacionam­ento. Espero estarmos todos juntos numa aliança a favor do Paraná. O Osmar já apoiei quando foi candidato ao governo, respeito demais, conheço seu caráter e trabalho. Acho legítimo que venha a se apresentar e buscar também alianças e o apoio da população. Desejo sucesso a todos. A campanha passa e estaremos todos ajudando o Paraná.

Mas considera que eles estão em vantagem, por já terem disputado outras eleições majoritári­as?

É verdade. Eu nunca disputei uma eleição majoritári­a. Nunca fui candidata ao governo ou ao Senado, que me desse uma possibilid­ade de conhecimen­to dos paranaense­s. O Osmar já foi senador da República e disputou duas vezes o governo do Estado. O Ratinho já foi candidato à Prefeitura de Curitiba, o que dá uma visão; aparece todo dia na mídia. Foi o deputado estadual mais votado... Eles têm um conhecimen­to em nível de Paraná quase da totalidade, de 100%. E eu tenho 30% apenas. Então, 70% da população não me conhece, nunca ouviu falar. Terei uma grande oportunida­de assumindo o governo como primeira mulher. Mas tenho a experiênci­a, como parlamenta­r que fui, agora vice-governador­a e coordenado­ra de vários programas importante­s dentro do governo, inclusive coordenado­ra do relacionam­ento com Brasília.

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Jonas Oliveira/ANPR “Defendo a primeira infância como talvez a bandeira mais importante, porque precisamos realmente preparar novas gerações para o futuro”, aponta Cida Borghetti como principal meta de seu eventual governo

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