Esperança por um bom resultado
O Brasil possui uma democracia recente. A sociedade ainda se adapta com a alteração do regime político, desde a superação do golpe militar. Tanto o cidadão como as autoridades políticas aprendem, de um lado, a conviver democraticamente e, de outro, a governarem pautados na soberania popular.
Com o advento democrático, os interesses particulares foram substituídos pelas vantagens coletivas, as quais imputam ao Estado a observância da vontade da maioria, o tratamento indistinto entre os cidadãos e a inclusão do indivíduo no meio em que vive, associadas à submissão estrita aos parâmetros legais, que são definidores do modo político que escolhemos viver. Emerge, portanto, um pacto político de deveres e direitos, cujos fim e origem são o poder do povo.
As implicações da adoção da democracia constituem desafios vultuosos, exigindo esforços para consolidar as imposições democráticas. Tal empenho colide com estruturas outrora basilares do modelo político brasileiro, despertando um sentimento de aversão à estrutura democrática e a seus princípios, em que os avanços democráticos são questionados e colocados em teste. Diariamente, assiste-se de forma preocupante a um incômodo com as estruturas democráticas, que deriva, justamente, da imaturidade política do brasileiro, somada ao vácuo de representatividade nas estruturas de poder.
A democracia brasileira é testada em três eixos principais: ideológico, a partir da defesa pública de discursos regressistas; por outro lado, existe um questionamento institucional, em que o sistema estatal tem, até mesmo, sua autenticidade posta à prova; e, há um sentimento de descrédito na classe política, implicando na perda de legitimidade representativa. Com isso, vivemos num tempo de teste político em que, pela primeira vez desde sua adoção no Brasil, o regime democrático é posto à prova. O resultado pode ser imprevisível. Dada as experiências históricas brasileiras, a sonegação de direitos vivenciada e o atual panorama da nossa sociedade, o esforço deve ser por um resultado positivo, em que as estruturas da democracia possam ser aperfeiçoadas e maturadas. Em tempos de testes, a esperança é por um bom resultado.
LUCAS FERNANDES é estudante de Direito da Universidade Estadual de Londrina