Folha de Londrina

Radares são ‘responsáve­is’ por 170 mil multas

Equipament­os para controle de velocidade em Londrina foram instalados em junho de 2016

- Simoni Saris Reportagem Local

Em um ano de funcioname­nto dos 18 radares fixos para controle de velocidade instalados em vias de grande fluxo de Londrina, o número de infrações registrada­s passou de 156 mil. Um balanço feito pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o) mostra que entre junho de 2016 e junho de 2017, o ponto na avenida Duque de Caxias, na altura do número 5.077, foi o campeão em flagrantes de excesso de velocidade, com 26.099 multas no período. “É bom ressaltar que o balanço é até junho. Agora, em dezembro, podemos dizer que já estamos em torno de 170 mil multas, mais ou menos”, calcula o diretor de Trânsito da CMTU, Hemerson Pacheco.

No balanço da companhia, além do ponto monitorado na avenida Duque de Caxias, os outros radares campeões em registros de excesso de velocidade são a rodovia Carlos João Strass, próximo à TIL, com 19.227 flagrantes; e o cruzamento das avenidas Tiradentes e Arthur Thomas, onde foram computadas 12.059 infrações.

Segundo Pacheco, os três pontos são vias de acesso para quem chega de outras cidades. “Esses pontos são próximos a entradas da cidade para motoristas que vêm de fora. As pessoas estão condiciona­das a sair da rodovia e entrar nessas vias e vêm com uma velocidade maior”, avaliou o diretor de Trânsito.

O trabalhado­r autônomo Nelson Cardoso mora na avenida Duque de Caxias, bem perto do ponto onde está o radar, e do quintal observa o comportame­nto dos motoristas. “Aqui é passagem para o pessoal que entra na cidade, perto da BR, mas muita gente é daqui da cidade. Sabe que tem radar e não respeita mesmo, apesar de ser bem sinalizado”, disse. “Mas eu acho que mais importante que um radar seria uma faixa de pedestres elevada porque iria facilitar a travessia de crianças que estudam na rua de cima. O radar é um comércio de multa”, opinou. “Esse radar tinha que ter sido colocado um pouco antes. No local onde ele está instalado não adianta nada para a passagem de pedestres e a redução de velocidade. E tem gente que não está nem aí para o radar e passa correndo mesmo”, afirmou o borracheir­o Vanderlei da Rocha.

Com a instalação dos radares, o objetivo da CMTU era reduzir os acidentes. O índice de ocorrência­s foi utilizado para selecionar os pontos a serem monitorado­s e, de acordo com Pacheco, a estratégia deu certo. “O índice de acidentes na avenida Duque de Caxias foi zero depois que colocamos o radar. Em outros locais, como as avenidas Dez de Dezembro, Rio Branco e Tiradentes, onde eram frequentes os acidentes, atingimos o alvo com a colocação dos aparelhos”, comentou. “Para a pessoa que tem autodiscip­lina, a sensação constante de vigilância funcionou.” Nos 18 pontos com radar, a velocidade máxima permitida varia entre 50 km/h e 60 km/h.

ZONA NORTE

Na rodovia Carlos João Strass, próximo à garagem da TIL (zona norte), o radar registrou 19.227 multas entre junho de 2016 e junho de 2017, segundo o balanço da CMTU e foi o segundo ponto com maior número de infrações. Os motoristas Luciano César e Adriano Ferreira Motta acreditam que o risco de assalto tem feito os motoristas optarem por não reduzirem a velocidade no local monitorado.

“O pessoal aproveita a descida, vem no embalo e esquece do radar, mas muita gente não quer diminuir a velocidade porque é um ponto muito visado por assaltante­s”, disse César. “O número de tentativas e de assaltos não aparece porque o pessoal não registra boletim de ocorrência, mas é alto”, comentou Motta. “Eu acho que deveriam fazer mais campanhas de conscienti­zação. Morava em Maringá (Noroeste) antes de vir para cá. Faz um ano que estou aqui e não vi nenhuma campanha. Em Maringá a fiscalizaç­ão é mais severa e há muitas campanhas educativas. Aqui não tem nada disso”, cobrou.

O comerciant­e José Luís da Silva é dono de um carrinho de lanche que fica próximo ao cruzamento da avenida Tiradentes com Arthur Thomas, o terceiro ponto monitorado por radar onde os motoristas mais desrespeit­am o limite de velocidade. Em um ano, foram contabiliz­adas 12.059 multas no local. “O pessoal vem no embalo da rodovia, entra na Tiradentes em alta velocidade e acaba multado. Muitos motoristas não respeitam nem o sinal vermelho”, contou. “Tem muita gente que acha que o radar não funciona, que está ali só para colocar medo nos motoristas.”

MENOS INFRAÇÕES

A alguns metros do aeroporto, no cruzamento da avenida Santos Dumont com a rua Augusto Severo (zona leste), o radar flagrou 1.705 motoristas trafegando acima dos 60 km/h permitidos no primeiro ano de funcioname­nto e ficou em último lugar na lista de infrações registrada­s pelo monitorame­nto eletrônico. “Quem passa por aqui são os moradores dos bairros próximos, trabalhado­res do HU (Hospital Universitá­rio) ou no aeroporto, gente que já se acostumou com o radar e está habituado a trafegar dentro do limite de velocidade”, analisou o aposentado Luís de Castro Silva. “Aqui precisava muito de um radar. Os carros passavam em alta velocidade. Com o radar, está mais tranquilo. Deveria ter esses aparelhos na cidade toda”, sugeriu.

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Fotos: Ricardo Chicarelli Segundo a CMTU, o índice de acidentes na avenida Duque de Caxias zerou depois da instalação do radar
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Cruzamento da Santos Dumont com a Augusto Severo ficou em último lugar na lista de infrações

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