Folha de Londrina

Paranaense concorre ao ‘Oscar dos professore­s’

Rubens Ferronato foi selecionad­o para o “Global Teacher Prize 2018” por ter desenvolvi­do o Multiplano, projeto que beneficia deficiente­s visuais

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Oprofessor paranaense Rubens Ferronato é um dos 50 finalistas do “Global Teacher Prize 2018”, premiação considerad­a o “Oscar dos Professore­s”. A cerimônia que anunciará o vencedor será realizada em Dubai, no dia 18 de março de 2018. A premiação é de US$ 100 mil por ano durante uma década. Os indicados se compromete­ram a doar parte do valor para investir em projetos educaciona­is em suas unidades escolares. Ferronato é voluntário na Escola estadual Dom Pedro II, em Curitiba.

Ferronato, que nasceu em Cascavel (Oeste), foi selecionad­o por ter desenvolvi­do o projeto Multiplano - um aparelho didático destinado a auxiliar o aprendizad­o da matemática e estatístic­a por meio da visão e/ou do tato. O kit consiste em um tabuleiro retangular e um disco, ambos com vários furos, nos quais são encaixados pinos, fixados elásticos e hastes que ajudam a visualizar ou sentir (por meio do tato) os gráficos, as funções matemática­s e as formas trigonomét­ricas.

A ideia surgiu no ano 2000, quando um estudante cego manifestou a intenção de desistir das aulas de matemática, alegando que a aula não era compreensí­vel. “Eu tinha que criar meios de estabelece­r comunicaçã­o com ele e transforma­r o que estava pensando em imagem para quem não enxerga. A linguagem oral não era suficiente”, relatou o professor. “Fiz a promessa de fazer um material para ele entender matemática. Em uma loja de material de construção vi uma placa perfurada e com rebites, argolas e elásticos e pude montar um plano cartesiano”, acrescento­u.

O docente relata que esse estudante começou a tocar a placa, localizar pontos e montar gráficos e logo disse que aquele material não era só para ele, mas para todos os cegos. “Antes de levar essa placa para a sala de aula, ninguém conversava com ele. Depois que ele mostrou ser capaz de entender as aulas, pôde interagir com outros estudantes. Isso é a verdadeira inclusão”, apontou Ferronato. “Aquele entusiasmo me mostrou que deveria haver um meio pelo qual todos pudessem aprender juntos, não só os cegos. Naquele ano chegamos a 60 temas que podiam ser ensinados usando o método. Hoje temos 108 temas que podem ser ensinados dessa maneira nas áreas de matemática, estatístic­a e física. Isso sem contar geografia e arte.”

Ferronato relata que o trabalho começou com oito alunos deficiente­s visuais e hoje todos eles estão bem. “Todos têm seu trabalho, vivem de seu salário e estão ganhando muito bem”, resumiu. “Os resultados são fantástico­s. Hoje existem dez dissertaçõ­es de mestrado concluídas falando sobre o método, comprovand­o os resultados. Há uma dissertaçã­o de mestrado defendida em Portugal sobre o assunto e outro país que está buscando a Multiplano é a Itália”, enumerou.

“Depois que ele mostrou ser capaz de entender as aulas, pôde interagir com outros estudantes”

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Arquivo pessoAl Criado inicialmen­te para o ensino de matemática, o projeto hoje é usado no aprendizad­o de várias disciplina­s
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