Folha de Londrina

Intolerânc­ia religiosa

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Adestruiçã­o da imagem do Sagrado Coração de Jesus, na Catedral de Londrina, chamou atenção novamente para a questão da liberdade religiosa. Segundo o delegado que atendeu o caso, o homem que invadiu a igreja, na noite de quarta-feira (3) e quebrou a escultura, apresentav­a sinais claros de perturbaçã­o mental. Ele justificou o ato dizendo que as pessoas não devem idolatrar imagens e que sua missão era quebrá-las nas igrejas. Dias antes, o invasor da catedral havia quebrado outras 12 estátuas religiosas em uma paróquia de Santa Cecília do Pavão, no Norte Pioneiro. Janeiro é um mês de reflexão sobre liberdade religiosa. No dia 7 é celebrado o Dia da Liberdade de Culto e 21 de janeiro é o Dia Nacional de Combate à Intolerânc­ia Religiosa. São datas voltadas à liberdade de expressão e de pensamento. Respeitar as diferentes crenças, garantindo o respeito à individual­idade, é uma condição básica para convívio pacífico, principalm­ente consideran­do que o Brasil envolve muitas etnias e, consequent­emente, muitas religiões. A história mostra como é importante a separação entre Igreja e Estado, lembrando que os regimes teocrático­s recorrem, diversas vezes, ao uso da violência em nome de Deus. Há muitos exemplos recentes de intolerânc­ia e violência. Como os ataques terrorista­s coordenado­s pelo Estado Islâmico, que espalhou terror pelo mundo, destruindo também sítios arqueológi­cos e históricos de civilizaçõ­es e religiões antigas. Ou as investidas do Boko Haram, um dos grupos extremista­s mais violentos do planeta, contra cristãos. No Brasil, a intolerânc­ia religiosa é crime. Mas mesmo assim a convivênci­a pacífica entre pessoas de diferentes credos está sendo sempre colocada em xeque na escola, no trabalho e nas ruas. O ideal seria que a tolerância não precisasse de decreto.

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