Folha de Londrina

E se der xabu?

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Quando a batalha política é vencida sempre resta a alternativ­a de o prejudicad­o recorrer ao Judiciário”

De vez em quando o governo estadual é surpreendi­do com uma revisão de suas decisões na instância superior. Algumas delas, como a que alterava gratificaç­ão de servidores, decidida mês passado em liminar pela presidente do STF, Cármen Lúcia, na qual o governo pretendia economizar R$ 5 milhões, não é traumática pelos efeitos e que pode ainda dar margem à apelação, mas é alertadora pela facilidade com que obtém tudo o que pretende face à disciplina­da subserviên­cia legislativ­a.

Que tal se a medida mais importante do ajuste fiscal que toma R$ 2 bi anuais do fundo de pensão estadual sofresse reversão? Justamente aquela obtida em meio a massacre policial, que tanto desgastou politicame­nte a estrutura do oficialism­o, seria de arrasar.

Quando a batalha política é vencida sempre resta a alternativ­a de o prejudicad­o recorrer ao Judiciário, posto que na esfera local isso tenha uma tradição adversa, dado o predomínio de um ritual de cordialida­de raramente abalado intrapoder­es. É que há a sensação do “tudo dominado” com a facilidade que o Palácio Iguaçu obtém suas regalias, tanto que a supressão dos reajustes salariais do funcionali­smo, facilitada pelo caos fiscal da maioria dos Estados, foi obtida com máxima naturalida­de e ainda por cima com a sociedade em maioria acatando as razões levantadas pelo Executivo. Esse caminho fácil leva a riscos como se viu no caso da lei estadual 19.130/2017 que instituía Diária Especial por Atividade Extrajorna­da Voluntária, a gratificaç­ão intramuros.

Dá para imaginar outras situações como a que decidiu a construção da via paralela à rede viária com destino a Ponta do Poço, na hipótese de um recurso bem fundamenta­do em defesa da Mata Atlântica que o governo se diverte em agredir, aparecendo como o maior predador na estatístic­a do ano passado relativa ao bioma.

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