Folha de Londrina

Prefeitura pretende segregar fundos da Caapsml novamente

Administra­ção aguarda parecer do Ministério da Previdênci­a para tentar equilibrar o sistema previdenci­ário municipal

- Politica@folhadelon­drina.com.br Loriane Comeli Guilherme Marconi Reportagem Local

APrefeitur­a de Londrina aguarda parecer do Ministério da Previdênci­a para fazer nova segregação das massas da Caapsml (Caixa de Assistênci­a, Aposentado­ria e Pensões dos Servidores Municipais) e tentar dar equilíbrio ao sistema previdenci­ário municipal. O superinten­dente do órgão, Marcos Urbaneja, no entanto, adverte que mesmo com o arranjo os problemas financeiro­s – ou seja, a necessidad­e de aporte de recursos orçamentár­ios – permanecer­ão por aproximada­mente duas décadas.

Até 2011, a Caapsml tinha um único fundo, que acabou dividido, com autorizaçã­o da Câmara, em fundo previdenci­ário e fundo financeiro. Em dezembro de 2016, porém, com o completo desequilíb­rio do fundo financeiro – de onde saíam os recursos para o pagamento de aposentado­rias e pensões – os fundos foram fundidos, também com aprovação legislativ­a, garantindo os pagamentos em 2017, sem necessidad­e de aportes.

Entretanto, a fusão das massas garantiu apenas o ano de 2017. Agora, em 2018, o orçamento já prevê aporte de R$ 70 milhões para a Caapsml, que serão utilizados para complement­ar o pagamento dos benefícios aos cerca de 3.600 aposentado­s e pensionist­as. Ao todo, disse o superinten­dente da Caapsml, Marcos Urbaneja, o deficit mensal é de R$ 4 milhões a R$ 5 milhões, mas não há risco de não pagar os benefícios.

O secretário explicou que este ano ele e o prefeito Marcelo Belinati (PP) estiveram pelo menos quatro vezes em Brasília para negociar uma solução para a Caapsml. Acabaram descobrind­o que o Ministério da Previdênci­a não reconhece a fusão das massas de 2016 e o município teve de recorrer ao Judiciário para obter certidões negativas da Previdênci­a – uma liminar foi concedida pela Justiça Federal. “Eles (ministério) não reconhecem porque foi feito sem anuência deles. Isto ocorreu com diversos municípios. Até o Estado do Paraná obteve liminar neste sentido”, afirmou.

Urbaneja relatou que a proposta inicial do município era parcelar a dívida da Caapsml em 35 anos, mas a política federal é de segregação das massas, deixando o fundo deficitári­o com a maior parte dos servidores e um fundo superavitá­rio, com os novos contratado­s. O município, então, propôs que todos os servidores que ingressare­m no serviço público até 31 de dezembro de 2015 fiquem em um fundo e os demais, no fundo superavitá­rio. A prefeitura espera a resposta do ministério sobre a proposta para janeiro ou fevereiro. Posteriorm­ente, se houver aval federal, um projeto deverá ser encaminhad­o à Câmara.

“Este fundo financeiro, que é um fundo desequilib­rado financeira­mente, vai necessitar de aporte por 20 anos. Não tem como fugir disso. E quem entrou a par- tir de 1º de janeiro de 2016, ficaria no fundo previdenci­ário, que vai estar sempre equilibrad­o, porque já começa no sistema de capitaliza­ção, e sempre vai estar com recurso para fazer o pagamento dos aposentado­s”, explicou o superinten­dente. “Por que o ministério defende esse modelo? Porque o município vai ter um problema com previdênci­a pelos próximos 20 anos, aproximada­mente, mas depois disso não vai mais ter problema, porque vai ter um fundo capitaliza­do, porque essa massa (deficitári­a)

Creio que conseguimo­s equacionar a melhor maneira possível para que se garanta a aposentado­ria do servidor público” vai acabar, e só restará o fundo capitaliza­do.”

ESTUDOS

Urbaneja disse que diante da necessidad­e de aportes mensais no valor de até R$ 5 milhões, o foco da Caapsml será encontrar maneiras de tentar reduzir este valor, trabalhand­o em três frentes: o recadastra­mento geral de ativos, inativos e pensionist­as, que somam aproximada­mente 15 mil pessoas, para ter uma “base fidedigna”; a reanálise de todas as aposentado­rias e pensões para verificar eventuais incompatib­ilidades com as regras previdenci­árias; e a monetizaçã­o de ativos, tentando obter imóveis ou bens do município que possam reduzir o deficit atuarial. “O prefeito recomendou que a gente estudasse alternativ­as para reduzir a sobrecarga ao erário municipal, para aliviar esse peso com esses pagamentos.”

Em entrevista à FOLHA, Belinati disse que “foi um ano de muito trabalho na área previdenci­ária”. “Quando assumimos, sem querer gerar espanto para a população, mas a dívida da prefeitura com a Caapsml era de R$ 7,1 bilhões, casos eles (os dois fundos) estejam separados. É uma dívida que tem que ser paga. Se não pagar, perde-se a certidão e o município deixa de receber recursos federais”, comentou. “Creio que conseguimo­s equacionar a melhor maneira possível para que se garanta a aposentado­ria do servidor público, mas que não tenha impacto na prestação de serviços. A partir deste rearranjo conquistam­os o equilíbrio”, declarou o prefeito.

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Devanir Parra/CML O superinten­dente da Caapsml, Marcos Urbaneja, afirma que mesmo com o arranjo a prefeitura precisará fazer aporte financeiro no órgão por mais duas décadas
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