Folha de Londrina

Álcool ou gasolina?

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O fato de o preço da gasolina ter subido muito mais que o do etanol aumenta a dúvida na cabeça do consumidor sobre quando vale a pena usar um ou outro combustíve­l. É quase um consenso que toda vez que o valor do álcool representa 70% ou menos do da gasolina, o primeiro deve ser o preferido.

Por esse critério, apenas 4 das 41 pesquisas realizadas durante o ano passado pela ANP em Londrina

mostraram o biocombust­ível mais vantajoso para o consumidor que o combustíve­l fóssil. Isso ocorreu entre 24 e 30 de setembro, de 8 a 14 de outubro, de 19 a 25 de novembro, e de 3 a 12 de dezembro.

O gerente da concession­ária Citroen, Mauricio Neves, orienta o cliente a não se fiar somente nesta regra. E a anotar o valor do abastecime­nto com gasolina e a quilometra­gem a ser percorrida. Quando o tanque estiver esvaziando de novo, o motorista deve apurar uma média de quantos reais gastou por quilômetro. A mesma conta deve ser feita posteriorm­ente

com o veículo abastecido com etanol.

Mas, segundo ele, a média não deve ser aferida na primeira abastecida com o outro combustíve­l. “Abasteça pelo menos umas três vezes antes de fazer a conta”, orienta. Segundo ele, mesmo nos modelos mais modernos, a performanc­e do motor não é tão boa logo após a primeira troca.

O engenheiro mecânico da empresa Transtech, Paulo Gatti Santos, concorda com o gerente da concession­ária em relação à “regra dos 70%”. “Não acredito nela. Cada carro vai melhor com um combustíve­l do que com outro”,

afirma. Por isso, a orientação dele é a mesma: que o consumidor faça a conta do gasto por quilômetro.

Mas Santos discorda de Neves quanto à necessidad­e de só calcular a média após três abastecida­s com o outro combustíve­l. “Em poucos quilômetro­s, a central do carro reconhece a troca e faz as correções necessária­s.”

Fazer a conta, segundo o engenheiro, é importante até mesmo para saber se determinad­o posto oferece combustíve­l de baixa qualidade. “Nem sempre é vantajoso comprar gasolina naquelas promoções nas quais os carros fazem fila. Pode ser

combustíve­l de baixa qualidade. Aí, não adianta porque o carro não vai fazer média”, argumenta.

CONSUMIDOR­ES

O motorista de Uber Marcelo de Souza Marin concorda. “Eu desconfio quando vejo combustíve­l muito barato. Você coloca e a média cai.” Souza tem seu próprio critério para decidir quando é vantajoso trocar de combustíve­l. “Se o álcool estiver R$ 1 abaixo da gasolina vale a pena”, alega.

Desemprega­da, a técnica em processame­nto de dados Elaine Ambrósio deixou de usar o carro no seu dia a dia. “Ando de ônibus durante a semana. Só pego o carro no final de semana”, conta. Nas suas contas, a gasolina subiu de 30 a 40 centavos no ano passado. E ela não quer saber de etanol. “O carro fica mais fraco, não tem o mesmo arranque”, considera.

Na percepção do entregador Mauricio Junior Ristow a gasolina subiu “16%, 17%” no ano passado. Assim como Elaine, ele aposentou o carro durante a semana. Só anda de moto. Sobre quando é hora de trocar o combustíve­l, ele admite: “Vai pelo bolso. Se tenho mais dinheiro coloco gasolina. Se tenho menos, abasteço com álcool.”

(N.B.)

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