Por uma sociedade de
No mês dedicado ao combate à intolerância religiosa, casos de discriminação da fé reacendem debate sobre importância do respeito à diversidade
Os fragmentos da imagem do Padroeiro de Londrina espalhados pelo chão da Catedral Metropolitana de Londrina chocaram a cidade na última quarta-feira (3). Um homem foi preso e liberado em seguida após invadir a igreja e atirar a imagem ao chão. O fato, que apresenta fortes indícios de intolerância religiosa, é recorrente e faz parte da realidade de diversas denominações e formas de manifestação de fé. Neste domingo (7) é celebrado no Brasil o Dia de uma religião se configura por visões equivocadas. “Outros fatores podem cooperar para atitudes intolerantes, como neuroses desenvolvidas em contextos religiosos obtusos e rígidos, interpretações literalistas que transformam os escritos sagrados em instrumentos de dominação, visões de mundo pautadas por dualismos e insegurança quanto à própria fé.”
De acordo com as lideranças, a discriminação e o preconceito são gerados por outros fatores, que estão acima
aponta. “Sociedade justa é aquela em que as pessoas possuem liberdade de se expressar”, destaca o sheik Yamani Nourmade, uma das principais lideranças do islamismo em Londrina.
do líder, que são essenciais para não postergar a ideia de que o diferente é ruim. “Quando existe a intolerância, é porque seguiu o ego e o instinto. Não tem doutrina no mundo que pregue o desrespeito”, defende. Ele também considera que a busca pelo poder pode se travestir de religião.
Quando não existe liberdade a fé vai sendo oprimida. As redes sociais ressuscitaram a intolerância não velada o amor, a bondade, a paz e a caridade para que possamos ter mais aproximação como sociedade”, relata a presidente da União Regional Espírita de Londrina.
ESTADO LAICO
A Constituição prescreve que o Brasil é laico e como essa garantia se pressupõe que o Estado deve preocupar-se em proporcionar aos cidadãos um ambiente de compreensão religiosa. Para o Robson Borges Arantes, porém, este fato não é consumado no dia a dia. “Não temos o direito de ver o nosso sagrado se manifestando em nós e nos espaços, pois isso é oprimido. Somos obrigados a rezar a oração de uma religião na sessão da Câmara ou aceitar crucifixos em repartições públicas. É impossível pensar um Estado ecumênico se ele, por si só, favorece uma crença apenas”, considera.
Numa discussão que gerou muita polêmica, o STF (Supremo Tribunal Federal) definiu que o ensino religioso em escolas públicas pode ter caráter confessional, ou seja, que as aulas podem seguir os ensinamentos de uma religião específica. Para alguns religiosos, a falta de um debate Todos temos crenças diferentes, por isso era necessário explorar mais sobre o respeito com cada seguimento e deixar que conheça as especificidades”, indica Maria Aparecida Leite dos Santos.
Robson Borges Arantes lembra que o Dia de Combate à Intolerância Religiosa foi criado para rememorar o falecimento de Iyalorixá Mãe Gilda, da Bahia, vítima de intolerância por ser praticante de religião de matriz africana. Acusada de charlatanismo, teve sua casa atacada. “Ainda temos o caso de Yá Mukumby (assassinada em 2013), que remete ao racismo e intolerância. Quando não se possibilita aprender outras crenças, tira da educação o papel de continuar a diversidade religiosa do nosso País.”
CAMINHO PARA TOLERÂNCIA Se há intolerância é porque seguiram o ego e o instinto. Não tem doutrina no mundo que pregue o desrespeito
com crianças e adolescentes prejudica o entendimento da pluralidade. “Deveriam falar no geral, como o que significa o cristianismo como um todo, por exemplo.
Entre as atitudes e passos para uma sociedade mais tolerante está a consciência. “É preciso valorizar o que é diferente, porque ele não é contrário, mas o que nos ajuda a ver outras questões do próprio Deus. As atividades de ecumenismo, como temos a semana de oração pela unidade dos cristãos, é algo positivo e que deve ser contínuo”,