Sagrado Coração de Jesus
Na última quarta-feira, chorei ao ver a imagem do Sagrado Coração de Jesus, padroeiro de Londrina, quebrada em mil pedaços na Catedral. Diante dela muitas vezes me senti acolhida, porque havia naquela representação de Jesus um abraço imaterial. Muitas pessoas já falaram sobre a violência da qual a imagem foi alvo e muitos também fizeram julgamentos, com ou sem a Bíblia. Só posso dizer que a fé é algo muito pessoal, mas sempre suscetível de manipulação. E sempre que acontecem agressões dessa ordem vejo muita gente perder a razão em nome da fé.
O homem que quebrou a imagem invocando passagens bíblicas sobre a idolatria perdeu a razão. As pessoas que julgaram o homem, sem saber o que teria deflagrado sua sessão de fúria, também perderam a razão. O que aquele homem fez foi realizar o que está em muitas pregações, um dia o vulcão irrompe depois de cozinhar as mentes em banho-maria. Aquele homem entrou na Catedral certo de que estava cumprindo um papel designado por Deus, dizem que ele entrou aos brados, como um profeta.
Como as religiões contemporâneas estão enxergando o seu Deus? Numa imagem ou num livro que passou por milênios de interpretação e traduções variadas? A responsabilidade por fazer as pessoas acreditarem em representações para acreditar em Deus, segundo cada religião, me faz pensar que quem conduz rebanhos – e há nesta expressão uma vinculação que tanto pode ser positiva quanto negativa - deve ter total responsabilidade pelo que provoca.
A intolerância religiosa remonta à história da humanidade, teve cristãos e muçulmanos como protagonistas de lutas sangrentas. Tudo isso é tão antigo quanto as religiões. O homem que entrou na Catedral pregando versículos contra a idolatria – tema recorrente na Bíblia, que adverte sobre isso desde os Levíticos até o Apocalipse – estava certamente tão perturbado quando “consciente” de seu dever. Há suspeitas