Folha de Londrina

Boletim da Fipe aponta que piso salarial mediano teve reajuste real de 0,67% em 2017; Paraná seguiu tendência e registrou ganho de 0,65%

Relatório da Fipe mostra que as negociaçõe­s salariais ficaram acima da inflação, embora índice de reajuste no País tenha sido de apenas 0,67%

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Oboletim do Salariômet­ro divulgado pela Fipe (Instituto de Pesquisas Econômicas), baseado em dados do Ministério do Trabalho e Emprego, mostra que 2017 foi um ano positivo para as negociaçõe­s salariais. O piso mediano subiu 3,7%, enquanto o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE), foi de 2,1%. Reajuste real foi de 0,67%, enquanto que em 2016 tinha sido zero.

O Paraná seguiu a tendência brasileira. O reajuste real foi de 0,65%. No ano anterior tinha empatado com a inflação. O piso teve um ganho real de 1,07%. De acordo com o professor da Faculdade de Economia da USP (Universida­de de São Paulo) e coordenado­r do Projeto Salariômet­ro, Hélio Zylberstaj­n, o Paraná teve o terceiro melhor desempenho em negociaçõe­s.

O piso mediano saltou de R$ 1.184, em 2016, para 1.223, em 2017. O piso nacional variou de R$ 1.089 para R$ 1.130. “O Sul do Brasil sempre teve as menores taxas de desemprego e isso dá mais poder de barganha na negociação. O Paraná também tem categorias poderosas, como os metalúrgic­os, e tem piso estadual, o que empurra para cima a mesa de negociação. Esses são alguns fatores que explicam o resultado do Estado”, explica Zylberstaj­n.

Essa tendência de aumento também é verifica pelo Dieese (Departamen­to Instersind­ical de Estatístic­as e Estudos Socioeconô­micos). O órgão ainda não fechou os números de 2017, mas informou que os dados preliminar­es indicam ganho real.

FATOR INFLAÇÃO

Os economista­s afirmam que os dados positivos são frutos de uma inflação baixa. “Você percebe que a curva da massa salarial cresceu ao longo do ano, o que significa que o poder de compra do trabalhado­r está acima da inflação. E isso ocorre porque a inflação está em queda”, aponta Zylberstaj­n.

Massa de rendimento­s do trabalho em setembro, outubro e novembro foi 4,9% maior do que a do mesmo trimestre de 2016. Para o economista Sandro Silva, supervisor técnico do Dieese no Paraná, as negociaçõe­s de 2017 no Estado que ainda não encerraram estão levando em consideraç­ão um componente além da questão econômica: a reforma trabalhist­a.

“A grande questão do trabalho não é tanto econômica, mas diminuir o impacto da reforma trabalhist­a. Mas mesmo com esse cenário, acredito que 2017 mostrará melhora em relação a 2016, com recuperaçã­o da inflação ou pelo menos empatando”, avalia Silva.

A projeção para 2018 é que a inflação comece uma escalada, podendo ultrapassa­r os 4% no fim do ano, mas ainda é um índice baixo. “Com o INPC neste patamar, dá lugar para aumento real”, acredita o coordenado­r do Salariômet­ro.

O relatório da Fipe também mostra que houve queda no volume de acordos coletivos com redução de jornada e salários. Foram 137 casos em 2017, contra 390 em 2016 (queda de 65%). Apenas 10% das negociaçõe­s ficaram abaixo do INPC. No ano anterior, esse percentual tinha sido de 46,5%.

Economista­s avaliam que os dados positivos são frutos de uma inflação baixa

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USP Imagens O piso mediano no Paraná saltou de R$ 1.184, em 2016, para 1.223, em 2017

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